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Jipinhos urbanos caem nas graças do brasileiro e vivem onda de lançamentos

Eduardo Knapp/Folhapress
Os carros HR-V (à esq.), da Honda, Tracker, da Chevrolet, Creta, da Hyundai e o Jeep Renegade
Os carros HR-V (à esq.), da Honda, Tracker, da Chevrolet, Creta, da Hyundai e o Jeep Renegade

Quatro jipinhos vermelhos no fundo da garagem traduzem o desejo de um povo. O brasileiro está apaixonado por esses carros, como mostram os números de venda.

O segmento de utilitários compactos cresceu 7% entre 2015 e 2016 -foram emplacadas 214.410 unidades no ano passado, segundo a Fenabrave (entidade que reúne as distribuidoras de veículos). Enquanto isso, as vendas gerais de veículos despencaram 20,2% no mesmo período.

A alta procura justifica a chegada de novos modelos. O mais recente é o Hyundai Creta, que veio para o Teste Folha-Mauá em traje de gala, na versão Prestige. Os bancos de couro marrom causam boa impressão, embora as partes plásticas não sejam tão refinadas assim.

Nas ruas, o brilho da lataria é acompanhado por olhares curiosos. Os sul-coreanos pegaram o jeito da coisa e têm feito carros vistosos.

PARECE MAIOR

O Creta usa a base do sedã médio Elantra e parece maior do que é. Acomoda quatro adultos sem aperto e tem porta-malas amplo, embora um pouco menor que o do Honda HR-V. Não por acaso, o
Hyundai é o que mais se aproxima do rival de origem japonesa em proposta e preço.

Na pista de testes, vantagem para o sul-coreano em aceleração. Contudo, o Honda se mostrou mais eficiente nas provas de consumo -embora forte, o motor 2.0 do Creta automático (seis marchas) não é o suprassumo da tecnologia. Nesse quesito, a Chevrolet leva a melhor.

O ano da montadora americana começa com a renovação do jipinho urbano Tracker. Seu motor 1.4 flex é o mais moderno disponível na categoria, fato comprovado pela vantagem sobre os concorrentes na pista.

"O carro foi calibrado para as ruas do Brasil, a suspensão tem um ajuste que não é igual ao dos EUA", diz Brent Deep, gerente da área de performance da Chevrolet.

Antes de pegar a estrada, cabe observar as mudanças de estilo. O painel do Chevrolet agora tem mostradores com ponteiros, que substituem o sistema digital de antes. O lado negativo é a falta de controles de estabilidade. Todos os rivais trazem o item pelo menos como opcional.

BAGAGEM DE MENOS

O espaço é bom no banco traseiro do Tracker, mas o porta-malas comporta apenas 306 litros -pouco mais que o encontrado no compacto Chevrolet Onix (289 litros). Famílias com dois filhos terão dificuldade de acomodar as coisas para viajar.

O assunto espaço não é o preferido do Jeep Renegade e seu parco bagageiro (260 litros), mas há outras qualidades. Embora a versão 1.8 flex não seja 4X4, seu estilo remete ao pioneiro da Segunda Guerra, o jipe original.

O motor chega a 2017 com melhorias. O ganho de potência - de 132 cv para 139 cv-e a adoção do sistema Start/Stop (que desliga o motor em paradas no trânsito e o religa automaticamente) deixaram o Renegade um pouco mais econômico, mas sem grandes avanços em desempenho.

Em 2016, Honda e Jeep dominaram as vendas. Agora, o ano já começa com Creta e Tracker chegando às lojas, além de Nissan Kicks, Renault Duster, Ford EcoSport -às vésperas da remodelação-, Suzuki Vitara, Peugeot 2008, Citroën Aircross... E a lista continuará a crescer ao longo do ano.

ASFALTO RUIM

Os utilitários compactos oferecem mais conectividade do que segurança.

Todas as versões de entrada dos principais modelos do segmento trazem sistemas de som que conversam com smartphones, mas nenhum vem de série com airbags laterais ou controles de estabilidade.

As configurações são estabelecidas por meio de pesquisas. As montadoras se apressam em dizer que é o público que prefere gadgets em vez de mais proteção. Os resultados dessas enquetes também revelam que a categoria permanecerá em crescimento.

Segundo Luis Marcelo Kuramoto, líder de pesquisa e desenvolvimento da Honda no Brasil, as más condições do pavimento e a sensação de segurança proporcionada por um carro mais alto estão entre os pontos mais citados nas consultas feitas com consumidores ao desenvolver novos produtos.

Kuramoto é um dos responsáveis pelo WR-V, utilitário compacto que chega em março e ficará abaixo do HR-V. O novo modelo, que compartilha componentes com o Fit, é o primeiro Honda desenvolvido no Brasil.

A união de motivos racionais com o desejo de possuir o carro da moda impulsiona os SUVs rumo a uma fatia recorde de mercado, tudo devido ao crescimento dos jipinhos urbanos.

"A participação dos utilitários esportivos nas vendas passou de 6% para 15% nos dois últimos anos. Achamos que vai continuar crescendo, com chances de chegar a algo entre 20% e 25% das vendas até 2020", afirma Gustavo Schmidt, vice-presidente comercial da Renault do Brasil.

A montadora de origem francesa prepara o lançamento do Captur, mais um concorrente de peso entre os jipinhos urbanos.

Somados os modelos já existentes com os que estreiam neste ano, o mercado de jipinhos chegará ao fim de 2017 com cerca de 20 modelos diferentes disponíveis nas lojas.

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