Após separação, gêmeas unidas pela cabeça recebem alta em Ribeirão Preto

Última, das cinco operações, ocorreu em outubro; irmãs passam bem, segundo o hospital

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Marcelo Toledo
Ribeirão Preto (SP)

As gêmeas Maria Ysabelle e Maria Ysadora, de 2 anos e 4 meses, receberam alta no HC (Hospital das Clínicas) de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) nesta sexta-feira (7).

Nascidas unidas pelas cabeças, as meninas passaram por uma histórica cirurgia de separação, concluída com sucesso no último dia 28 de outubro.

As gêmeas Maria Ysabelle e Maria Ysadora, 2, que receberam alta no HC de Ribeirão Preto - Divulgação/HC

Caso único na história da medicina brasileira, a separação das gêmeas foi possível após cinco procedimentos cirúrgicos, iniciados em fevereiro.

As meninas deixaram o HC, vinculado à FMRP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto), da USP (Universidade de São Paulo), às 11h30, mas não retornarão de imediato ao Ceará, estado natal delas.

A família ficará em Ribeirão até o próximo dia 26. Passará o Natal com amigos que fez na cidade e utilizará o tempo para a reabilitação das meninas, que já foi iniciada.

Elas estão fazendo fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional no centro de reabilitação do HC. Segundo o hospital, estão respondendo bem aos procedimentos.

Ambas deixaram o hospital com curativos na cabeça, que devem ser retirados na próxima semana, de acordo com a equipe de cirurgia plástica do HC.

Mesmo após retornar a Patacas, distrito de Aquiraz (CE), a família decidiu que se deslocará a Ribeirão para atividades ligadas à reabilitação das gêmeas.

Após a cirurgia, o desafio é conhecer o resultado final do ponto de vista neurológico das crianças e como será o desenvolvimento delas nos próximos anos.

A separação ocorreu às 21h09 do dia 27 de outubro, quando os neurocirurgiões pediátricos Marcelo Volpon e Ricardo Santos Oliveira fizeram a separação das crianças.

A equipe médica, que envolveu cerca de 40 profissionais, comemorou quando ocorreu a separação. Mas por poucos segundos.
 
Em seguida, as crianças foram colocadas em mesas cirúrgicas diferentes para que fosse feita a reconstrução dos crânios.

A ida para o Ceará já estava prevista pela equipe médica após o período inicial da reabilitação. Uma das gêmeas, Maria Ysabelle, passou por novo procedimento em 22 de novembro, para revestir uma parte da cabeça com enxerto de pele.

As gêmeas, e seus pais, estão em Ribeirão Preto desde fevereiro, quando foi feito o primeiro dos cinco procedimentos cirúrgicos a que foram submetidas.

O processo foi tão complexo que envolveu o neurocirurgião americano James Goodrich, do Montefiore Medical Center, de Nova York, considerado um dos maiores especialistas do mundo no assunto.

A primeira cirurgia foi realizada em 17 de fevereiro e, assim como a segunda, feita três meses depois, foi bem-sucedida.

Em agosto, foi a vez do terceiro procedimento, um dos mais complexos da série, que deixou os cérebros praticamente separados. Só na parte neurológica, a operação durou cerca de sete horas e mobilizou 25 pessoas.

No mesmo mês, passaram por um novo procedimento preparatório, com a implantação de expansores subcutâneos para dar elasticidade à pele.

O valor de uma cirurgia como essa é calculado em US$ 2,5 milhões (R$ 9,1 milhões) na rede privada dos EUA. Na rede pública, como é o caso das meninas, o custo é menor.

Erramos: o texto foi alterado

Uma versão anterior deste texto dizia que, no subtítulo, que a situação neurológica ainda era desconhecida. A informação se referia ao pós-operatório das gêmeas, em outubro.

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