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Candidatos têm pela frente embate com fragilidade econômica

País entra na reta final das eleições com índices mostrando mais problemas do que soluções

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JOSÉ FRANCISCO DE LIMA GONÇALVES

Em um dia em que o mercado financeiro comemorava o anúncio do apoio do centrão à candidatura Alckmin, fazendo o dólar e os juros caírem e a Bolsa subir, a fragilidade da recuperação da atividade econômica foi confirmada pelos indicadores referentes a junho e julho divulgados nesta sexta-feira (20).

Os dados do Caged em junho trouxeram leve queda no saldo de contratações e demissões. O relevante é que as expectativas eram de alta, ainda que modesta.

A indústria e o comércio cortaram mais de 40 mil vagas, desempenho muito pior do que o de junho de 2017. A comparação é importante, pois o bom desempenho da agricultura, que criou 41 mil empregos, foi sazonal, semelhante ao de um ano atrás.

O desempenho do Caged pode ter sido afetado pela greve dos caminhoneiros, mas cabe ressalvar que as decisões empresariais de contratação são pouco sensíveis a eventos pontuais. Se assim for, parte da piora do mercado de trabalho deve refletir a deterioração das expectativas que já vem ocorrendo desde abril.

O IPCA-15 referente a julho confirmou o efeito temporário e reversível da greve dos caminhoneiros sobre a inflação. Quase todos os preços de alimentos recuaram, ficando a alta de 0,64% explicada pelas tarifas de energia elétrica (preço administrado), transporte público (aéreo) e leite longa vida (por força da interrupção das entregas de matéria-prima).

Mais importante, preços sensíveis ao dólar e à demanda, como os de bens industriais, não aceleraram, e preços afetados pela demanda, como os de muitos serviços, também não.

O país entra, assim, na reta final das eleições com o emprego piorando e a inflação baixa mostrando mais problemas do que soluções. O estado de espírito dos eleitores certamente é afetado por tais condições, de modo que a disputa entre as máquinas partidárias e o voto do contra vai ficar pesada.

Finalmente, o governo apresentou o relatório bimestral de receitas e despesas, onde se viram resultados positivos em 2018, tanto em relação à regra de ouro, como em relação ao teto de gastos e à meta de déficit primário. Foram revistas as premissas da programação da política fiscal, desde a inflação e a taxa de câmbio para cima até as estimativas de crescimento do PIB, para baixo.

Tais revisões alinham mais os números do governo aos dos analistas e a conclusão é que a situação fiscal ficará bem pior em 2019, reforçando as dificuldades que os candidatos terão nos próximos meses.

José Francisco de Lima Gonçalves é economista-chefe do banco Fator

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