Milicianos e grupo pró-governo sitiam igreja e agridem bispos na Nicarágua

Templo abrigava manifestantes contrários ao presidente Daniel Ortega desde domingo

Milicianos mascarados partidários do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, cercam o padre Edwin Roman, um dos atacados ao tentar retirar opositores na basílica de São Sebastião, em Diriamba, na Nicarágua - Inti Ocon/AFP

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Diriamba e Manágua | AFP

Centenas de seguidores do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, cercaram nesta segunda-feira (9) uma igreja que abrigava opositores em Diriamba, no sudoeste do país, e agrediram os líderes católicos que tentavam tirá-los.

A basílica de São Sebastião foi um dos locais escolhidos pelos manifestantes para se esconder da ação das forças de segurança e dos paramilitares governistas na cidade, que deixou ao menos 14 mortos no fim de semana.

A comitiva eclesiástica, liderada pelo cardeal Leopoldo Brenes, arcebispo de Manágua, e pelo núncio apostólico na Nicarágua, Stanislaw Waldemar Sommertag, chegou da capital pela manhã para negociar a saída do grupo.

Os religiosos, porém, foram recebidos com gritos e xingamentos pelos governistas. Quando eles conseguiram abrir caminho para entrar foram agredidos pelos paramilitares. Na confusão também foram atingidos jornalistas.

Entre as vítimas do ataque estavam Brenes e o bispo auxiliar de Manágua, Silvio Báez, que participava da mediação das negociações de Ortega com a oposição até junho e foi ameaçado de morte por sua oposição ao presidente.

“Graças a Deus conseguimos chegar a Diriamba e tirar as pessoas que eram mantidas reféns na basílica. O que nós sofremos não é nada em comparação com o que a maioria dos nicaraguenses foram vítimas”, disse o religioso.

A ação das forças leais a Ortega na cidade começou no sábado (7), pouco após o presidente descartar a antecipação das eleições, uma das principais exigências dos manifestantes que protestam contra ele desde meados de abril.

A Igreja Católica propôs que o pleito, previsto para 2021, fosse remarcado para o março de 2019 para dar fim aos confrontos que já deixaram pelo menos 244 mortos, segundo o Centro Nicaraguense de Direitos Humanos.

Mas a Conferência Episcopal advertiu que avalia a continuidade do diálogo, suspenso três vezes desde o início, em maio. A oposição insiste na demanda da renúncia de Ortega e da vice-presidente, Rosario Murillo, sua mulher.

A crise no país centro-americano deve ser discutida na quarta (11) pela OEA (Organização dos Estados Americanos). Nela, deverá ser apresentado o informe da missão da organização à Nicarágua, autorizada pelo governo.

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