Ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe desiste de renunciar ao Senado

Senador reeleito, havia dito que não poderia assumir sem esclarecer caso de propina

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Sylvia Colombo
Buenos Aires

Da mesma forma súbita e inesperada como havia apresentado sua renúncia, na semana passada, o senador reeleito mais votado da Colômbia, o ex-presidente Álvaro Uribe, 66, anunciou na manhã desta quarta-feira (1º) que não abrirá mão de seu posto no Congresso.

O senador colombiano Álvaro Uribe fala com a imprensa em Rionegro no último dia 30 - Fredy Builes/Reuters

Uribe havia sido acusado pela Justiça colombiana de pagar propinas para convencer um paramilitar preso, Juan Guillermo Monsalve, para que declarasse contra o senador Iván Cepeda, seu principal rival no Congresso, que vinha revelando outros supostos delitos do ex-presidente.

Essas propinas teriam sido pagas a intermediários, entre eles um congressista do partido de Uribe, o Centro Democrático, e advogados, cujos nomes não foram revelados.

Em sua renúncia, Uribe dizia que não podia assumir sem deixar esse caso claro. O problema é que, ao faze-lo, o ex-presidente perderia o foro privilegiado, o que o exporia a ter de responder a outras denúncias, de corrupção e de abusos de direitos humanos que já estão abertas contra ele, porém congeladas por conta de seu escudo parlamentar.

Na manhã desta quarta-feira, Uribe deu um novo giro em seu roteiro rocambolesco por meio de uma mensagem nas redes sociais. “Por razões de honra nunca esteve em minha mente que a Corte Suprema deixe de conhecer o caso para o qual me chamam para declarar”.

Depois, enviou ao Congresso um pedido de que “não considere minha carta de renúncia”. Assim, poderá ocupar o cargo e até mesmo ser escolhido por seu partido como líder da bancada.

A notícia de sua renúncia havia alarmado seus seguidores e também ao presidente eleito, Iván Duque, que contava com seu apoio no Parlamento para tocar as reformas que têm em mente.

Cepeda disse que a movimentação de Uribe foi feita para ludibriar os colombianos e criar um desvio de atenção com relação às outras denúncias, mais graves, contra ele, e que sua renúncia não era para valer desde o princípio. Uribe negou essa estratégia de tentar vitimizar-se diante da população.

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