Descrição de chapéu Venezuela

Maduro diz sofrer 'campanha de difamação' e quer indenização da Colômbia

Ditador diz que encontro entre militares e americanos comprova ação estrangeira no país

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Caracas | AFP

O ditador venezuelano Nicolás Maduro afirmou nesta segunda (10) que a atual crise humanitária pela qual o país passa faz parte de uma "campanha mundial de difamação" para derrubá-lo e que pretende pedir uma indenização a Bogotá devido ao número de imigrantes colombianos que vivem na Venezuela.

As declarações fizeram parte da primeira manifestação pública do ditador após o jornal americano The New York Times ter revelado um encontro entre militares rebeldes do regime e representantes de Washington, o que segundo o ditador comprova que países estrangeiros trabalham contra seu governo, em especial os Estados Unidos.

A notícia do jornal americano e as preocupações manifestadas pelos governos de Brasil e Colômbia fazem parte de uma "campanha mundial de difamação para justificar que na Venezuela se dê algum evento extraordinário fora da Constituição: um golpe de Estado como denuncia o New York Times", disse Maduro a jornalistas.

O ditador venezuelano Nicolás Maduro durante discurso sobre a situação econômica do país no início de setembro - Presidencia de Venezuela - 3.set.2018/Xinhua

Por isso, disse o ditador, ele pretende pedir que o governo colombiano pague uma indenização a Caracas devido ao grande número de migrantes que moram no país.

"Vamos recorrer a todos os canais legais internacionais para compensar a Venezuela por todos os colombianos que receberam cuidados, trabalho, saúde, educação, sem nunca nos queixarmos. A campanha oligárquica do governo colombiano é uma desfaçatez” afirmou ele.  

“Há uma ideia que eu aprovo de fazer uma demanda internacional para pedir uma indenização do governo colombiano pelos 5,6 milhões de colombianos que estão aqui”.

O número citado por Maduro, porém, está muito acima dos 721 mil colombianos que vivem no país segundo o censo do próprio governo —a Colômbia afirma que são 940 mil.

A Colômbia é o principal destino dos cerca de 1,6 milhão de pessoas que deixaram a Venezuela para fugir da crise que atinge o país e que levou a um desabastecimento generalizado e a uma inflação que pode chegar a 1.000.000% ao ano, segundo o FMI.

O governo Maduro, porém, diz que as informações são exageradas, que apenas 600 mil pessoas deixaram o país e que os problemas econômicos são culpa de uma campanha internacional contra Caracas.

Maduro afirmou também que atualmente  30% da população venezuelana é formada por migrantes do Peru, Portugal, Itália, Espanha, China e Colômbia, entre outros países, sem apresentar dados para comprovar a afirmação.

O ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez, disse que isso prova que as notícias que mostram a crise humanitária no país não passam de montagens para justificar uma agressão dos Estados Unidos. "Tentaram instalar um expediente de crise humanitária [...] É evidente, é óbvio que a intenção foi intensificar a agressão de diferentes formas que o governo dos Estados Unidos vem desenvolvendo", afirmou ele.

O ministro acusou ainda a imprensa internacional de minimizar as denúncias do governo. "Confissão das partes, provas. Quantas vezes o presidente Nicolás Maduro denunciou ingerência brutal e criminosa dos fatores imperiais contra a Venezuela”, afirmou ele.

O New York Times informou no sábado (8) que diplomatas americanos se reuniram várias vezes secretamente com militares venezuelanos que planejavam um golpe contra Maduro.

As reuniões incluíram um ex-comandante militar venezuelano que aparece na lista de sancionados pelo governo americano.

Mas os Estados Unidos não deram qualquer apoio material aos dissidentes apesar de seus pedidos, e os planos de um golpe fracassaram após a recente prisão de dezenas de militares rebeldes, apontou o NYT.

O presidente Donald Trump já declarou que os Estados Unidos têm "uma opção militar" na Venezuela, o que foi condenado por aliados americanos na América Latina.

O governo venezuelano convocou uma marcha para esta terça-feira (11) contra "o imperialismo", e vinculou as reuniões secretas entre militares dissidentes e diplomatas americanos ao frustrado atentado com drone contra Maduro em 4 de agosto em um desfile militar.

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