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Presidenciáveis criticam volta da CPMF após discurso de guru de Bolsonaro

Economista Paulo Guedes falou em criar imposto que incida sobre movimentação financeira

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São Paulo

Alguns dos principais adversários de Jair Bolsonaro (PSL) criticaram nesta quarta-feira (19) a possível volta da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), após discurso do assessor econômico do candidato, Paulo Guedes, sobre a possibilidade.

Como revelou a coluna Mônica Bergamo, o guru falou sobre a proposta para uma plateia reduzida, nesta terça-feira (18). O novo imposto sobre movimentações financeiras se chamaria CP (Contribuição Previdenciária) e seria destinado a financiar o INSS.

O economista também disse ao grupo que pretende estabelecer uma alíquota única do IR (Imposto de Renda) de 20% para pessoas físicas e jurídicas —e aplicar a mesma taxa na tributação da distribuição de lucros e dividendos.

Fernando Haddad (PT), Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede) e Henrique Meirelles (MDB) rechaçaram a ideia de retorno da CPMF e disseram que, caso eleitos, não adotariam medida semelhante.

Ciro Gomes (PDT) falou que a equipe econômica do adversário do PSL está sendo contraditória ao cogitar novo imposto, já que o candidato tem defendido a redução da carga tributária. O pedetista afirmou ainda que a proposta para o IR prejudica a classe média.

Haddad chamou de pequeno desastre a proposta apresentada por Guedes. Segundo o petista, esse modelo penaliza os pobres e beneficia os ricos. "Uma campanha disse hoje que vai baixar o imposto dos ricos e aumentar dos pobres", afirmou ele, em referência ao episódio, durante compromisso em Guarulhos.

Prometendo isenção de IR para os brasileiros que ganham até cinco salários-mínimos, Haddad disse que a proposta do economista de Bolsonaro é ruim “porque faz o pobre, que já paga mais imposto que o rico, pagar ainda mais”.

Alckmin falou que "de jeito nenhum" recriaria, se vitorioso na corrida ao Planalto, a CPMF. "Vou reduzir a carga tributária", prometeu, ao participar de evento da revista Veja, nesta quarta-feira (19).

Mais tarde, em uma rede social, o tucano afirmou que “a proposta de Bolsonaro e Paulo Guedes é atrasada e cruel. Além da absurda volta da CPMF, querem fazer quem ganha menos pagar mais imposto de renda”. 

Na sequência, provocou: “O candidato está infeliz porque seu pacote de maldades foi revelado. O que mais será que ele esconde?”.

No encontro promovido pela Veja, Marina refutou a hipótese de reedição da contribuição. "Eu sou contra recriar a CPMF. Nós temos uma proposta de reforma tributária, com princípios de simplificação, de descentralização, de combate à injustiça tributária", afirmou a ex-senadora.

Meirelles, também no evento da revista, criticou a implementação de impostos regressivos, que têm relação inversa ao nível de renda do contribuinte. "Os mais pobres pagam mais", afirmou o ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central.

O emedebista qualificou a CPMF como uma contribuição ineficiente, que poderia prejudicar a melhora da produtividade no país e complicar a atividade econômica. "É um imposto que incide de maneira errática. As pessoas pagam sem saber que estão pagando."

Para o ex-ministro, "isso prejudica mais aqueles de menor renda, porque ele [imposto] vai incidindo sobre transações que a pessoa não tem nem conhecimento".

Ao longo do dia, Bolsonaro e seus aliados buscaram tentar explicar a proposta de Paulo Guedes. O presidenciável e seu entorno afirmam que em um eventual governo do candidato os impostos seriam reduzidos.

Em suas redes sociais, o deputado federal escreveu que sua equipe econômica trabalha para a redução de carga tributária, desburocratização e desregulamentações. "Chega de impostos é o nosso lema! Somos e faremos diferente. Esse é o Brasil que queremos!", postou.

Joelmir Tavares, Catia Seabra e Thais Bilenky

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