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Organização
estima em 1,5 milhão o público total do evento;
Polícia Militar diz que não houve violência
No show de encerramento, Luiz
Melodia protesta contra atuação de Cláudio
Lembo na crise do PCC: "Governador, presta atenção,
porra"
São
Paulo suspendeu o toque de recolher informal imposto há
uma semana pelos atentados do Primeiro Comando da Capital
e prestigiou a segunda edição da Virada Cultural.
O megaevento, que custou R$ 3 milhões à prefeitura,
começou às 18h do sábado, com show da
banda Mantiqueira e João Bosco, no Vale do Anhangabaú.
Terminou no início da noite de ontem, após reunir,
segundo estimativa da organização, um público
de cerca de 1,5 milhão de pessoas em quase 600 eventos.
No Parque da Independência, 5.000 viram o show de encerramento
com Luiz Melodia, que começou às 19h com "Fadas",
com uma hora de atraso. O cantor, que foi aplaudido quando
afirmou que São Paulo "não pode parar por
qualquer guerrinha", terminou o show com um protesto:
"Governador, presta atenção, porra",
disse Melodia, referindo-se à atuação
de Cláudio Lembo nos ataques do PCC.
Com o bom tempo, os shows ao ar livre do Centro se fortaleceram.
Houve, ainda assim, quem reclamasse da falta de policiamento
nas ruas. "Eu não estava com medo do PCC, mas
achei que faltou policiamento, principalmente no show do Cordel
do Fogo Encantado, na praça da Sé. Só
vi polícia ali depois do show. Havia muita gente, podia
ter acontecido algo", apontou a jornalista Kelly Nogueira,
28. Segundo a assessoria de imprensa da PM, houve policiamento
em todos os locais da Virada.
O prefeito Gilberto Kassab, que chegou a um Teatro Municipal
lotado, por volta de 1h da madrugada, acredita que a mudança
de data e horário -ano passado a Virada foi em novembro,
das 14h do sábado às 14h de domingo- foi acertada.
"A expectativa de público foi superada, demonstrando
que as pessoas fizeram uma virada para a paz", avaliou
o prefeito.
A programação nos museus também teve
bom público este ano, atraindo 19.887 pessoas, contra
um público total de 10.976 na primeira edição,
de acordo com os organizadores. Na Casa das Rosas, a "Performance
Sensorial" usou poesias de autores latino-americanos
e uma batida eletrônica para estimular o inconsciente.
As senhas para as seis sessões acabaram ao fim da primeira.
O secretário de Cultura do município, Carlos
Augusto Calil, também apontou os pontos altos do evento,
como as apresentações no Teatro Municipal. Com
programação gratuita e lotação
para 1.580 pessoas, o teatro teve todos os ingressos distribuídos
nas apresentações das 19h, 22h e 1h. "Deu
um certo medo na hora de sair de casa. Mas está tranqüilo
e bem organizado, não gastei nem dois minutos para
pegar os ingressos", elogiou a auxiliar administrativa
Andréa Paola, na fila à 1h.
O Parque da Independência foi de novo da dança.
Na Virada passada, o grupo Stagium dançou sob chuva.
"A noite anterior foi mais bonita", disse o coreógrafo
do balé, Décio Otero, 71. O casal de professores
Isabel Peres, 68, e Bernardo Hervy, 76, chegou ao parque às
19h30 e ficaria ali até 1h15 para ver o Balé
da Cidade de São Paulo. "E vamos voltar para o
show com o Luiz Melodia", disse Peres.
Com programação em 12 unidades, o Sesc teve
aumento de 30% de público em relação
à primeira Virada, segundo os organizadores. Ontem
à tarde, cerca de 9.000 pessoas assistiram ao show
dos Paralamas no Sesc Interlagos. Em Itaquera, Zé Ramalho
arrastou 13.200 fãs e disse: "São Paulo
é maior do que tudo, maior do que o medo, é
a pilastra do Brasil".
Longe do centro, a Virada foi menos prestigiada. Em Guaianases
(zona leste), a população voltou para casa logo
após a meia-noite. "Ainda temos medo. Se eu não
morasse perto do palco, nem viria", disse a vendedora
Priscila Tânia, 20.
(EDUARDO SIMÕES, GABRIELA LONGMAN, GUSTAVO FIORATTI,
LUCAS NEVES, VALMIR SANTOS, DIÓGENES MUNIZ)
As informações são da Folha Online,
editoria Ilustrada.
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