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entrevista
28/06/2004
Treinamento de leigos é essencial em caso de emergência cardíaca

As sociedades médicas que tratam de ressuscitação, medicina intensiva e cardiologia querem treinar 1% da população adulta das grandes cidades para socorrer emergências. Treinados, esses leigos teriam condições de "manter" a vítima até a chegada da ambulância. Hoje, em média, a chegada de socorro especializado nos grandes centros pode demorar entre 20 e 30 minutos. Com a implantação dos Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), esse tempo deve ser reduzido a 10 minutos ou menos.

Em outra frente, a Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo) está treinando profissionais que trabalham dentro dos hospitais, desde médicos até diretores e porteiros. É nos hospitais que ocorre o maior número de eventos de urgência.

O treinamento para leigos, programa batizado de "Tempo é Vida", foi lançado em encontros sobre ressuscitação e emergências cardiovasculares ocorridos há duas semanas em Curitiba. Cerca de 300 pessoas foram treinadas.
Segundo estatísticas, 50% das vítimas de parada cardíaca morrem se não forem socorridas em cinco minutos. Cerca de 80% das paradas são provocadas pela fibrilação ventricular, quando o coração passa a bater de forma rápida e desordenada.

Um projeto de lei no Congresso Nacional prevê a instalação de disfibriladores automáticos em lugares de grande movimento de pessoas e que podem ser manuseados por leigos treinados.

A principal causa de morte é o infarto agudo do miocárdio, seguido do derrame. Se as vítimas de infarto do miocárdio chegarem ao hospital em até 12 horas e as do derrame, em até 6, terão chances de sobreviver com melhor qualidade de vida.

O problema, dizem os médicos, é que nem sempre o início do infarto ou do derrame é percebido, daí a necessidade de treinamento.

"Cerca de 50% das vítimas de infarto morrem antes de chegar ao hospital, o que é uma grande frustração para nós, pois só podemos agir e tentar salvar metade dos casos", diz Otávio Rizzi Coelho, presidente da Socesp.

Abaixo, trechos da entrevista concedida por Rizzi Coelho.

Folha - Qual a importância do tempo quando se trata de um evento cardiológico?
Otávio Rizzi Coelho - Nós costumamos dizer que tempo é músculo. Quanto maior a demora, mais músculo do coração é perdido. Por isso, ao notar qualquer sintoma de infarto, chame socorro médico. O infarto do miocárdio é um coágulo que penetra na coronária e que precisa ser dissolvido, seja com medicamento, seja com cateterismo. A rapidez nesse procedimento é fundamental.

Folha - A Socesp está treinando pessoas dentro dos hospitais. Qual é a intenção da sociedade?
Coelho - A idéia é preparar todos os profissionais, pois o hospital é o lugar onde as complicações mais ocorrem. São três projetos. O primeiro é o suporte cardíaco avançado, destinado aos médicos. Todos precisam conhecer os procedimentos mais avançados.
O segundo é o suporte básico cardíaco, para pessoas que trabalham na área de saúde dentro do hospital. Esse grupo inclui do diretor, ao enfermeiro e ao porteiro.

Folha - E o terceiro?
Coelho - É destinado aos leigos, brigadas que estarão a postos em locais de grande concentração de pessoas, como aeroportos, campos de futebol, estações de metrô e shopping centers. Quanto maior o número de pessoas, maior a possibilidade ocorrer um evento cardíaco. Essas brigadas, treinadas, devem contar com um disfibrilador automático a menos de cinco minutos de distância. E com sistema de alarme para acionar imediatamente socorro especializado, como o Resgate ou o Samu.

Folha - E como agir com as populações de risco, como os idosos?
Coelho - Pessoas que convivem com idosos devem ser treinadas. Nos EUA, onde há condomínios de idosos, uma pessoa treinada pode ajudar dezenas. Mas é difícil treinar um leigo para cada idoso. Os americanos adotaram a prática de treinar também adolescentes e crianças, que mais tempo permanecem em casa, de forma que possam chamar socorro médico pelo telefone.

 

AURELIANO BIANCARELLI
da Folha de S.Paulo

 
 
 

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