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porto alegre
30/06/2004
Voluntários viajam para salvar uma vida

Um grupo de voluntários chegou em Porto Alegrel ontem pela manhã disposto a desafiar as leis da matemática para salvar uma vida. Pela estatística, há uma chance de apenas 0,03% de que entre eles se encontre um doador de medula óssea compatível com a adolescente Andreia da Silva, vítima de leucemia. Mesmo assim, cada um dos 37 candidatos mantém a esperança de trazer em seu corpo a cura para Andreia.

A estudante de 15 anos, moradora de Uruguaiana, sofre de leucemia mielóide crônica (uma espécie de câncer que afeta o sangue) e faz quimioterapia no Hospital Universitário de Santa Maria. Como a medicação não consegue curá-la, somente um transplante de medula pode garantir que a menina continue viva.

O problema é que Andreia não encontrou um doador com sistema imunológico compatível com o seu entre familiares ou as 65 mil pessoas cadastradas no Registro Brasileiro de Doadores de Medula Óssea (Redome). A chance de um doente ter um irmão compatível é de 25%. Fora do círculo familiar, mas dentro do país, a probabilidade fica em uma para 100 mil.

Também existe um cadastro internacional, ao qual a gaúcha será submetida. Nesse caso, a maior variação genética de outras populações faz a chance de encontrar alguém despencar para uma em 1 milhão. Depois de o drama da estudante ser divulgado, inicialmente, pelo Diário de Santa Maria e, depois, pela RBS TV local, no início do mês, moradores da região se mobilizaram.

Candidatos a doadores começaram a ligar para o Centro de Apoio à Criança com Câncer (CACC) do município, que conseguiu a cessão de um ônibus da empresa Planalto para transportar os primeiros 37 voluntários a Porto Alegre. Eles viajaram 287 quilômetros na madrugada de ontem para fazer exames de sangue no Hospital Dom Vicente Scherer, do complexo Santa Casa, e se cadastrar no Redome.

"Trouxemos aqueles que ligaram primeiro. Agora já temos 200 pessoas na fila de espera", afirma a vice-presidente da CACC, Telma Brum.

São estudantes, trabalhadores, donas de casa que se emocionaram ao acompanhar o desespero da menina e sua mãe na imprensa.

"Eu também sou mãe. Assim que vi o apelo da menina na TV, decidi ajudar", explica a técnica contábil Magda Klein, 39 anos.

Os voluntários deixaram filhos, maridos e mulheres em casa, pediram dispensa de seus empregos e embarcaram às 4h no ônibus carregado de esperança.

"Quando eu vi o caso no jornal, pensei: será que não sou eu o doador?", conta o rodoviário Gilmar Vieira dos Santos, 35 anos.

Novas viagens já estão sendo agendadas pelo CACC. Telma argumenta que, mesmo se a salvação de Andreia não estiver entre os voluntário, eles farão parte do cadastro nacional. A adolescente comemora a mobilização:

"Eu sempre achei que muita gente pudesse me ajudar, porque este povo é muito bom. Estou muito feliz. Muito obrigada".



MARCELO GONZATTO
do jornal Zero Hora

 
 
 

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