Pela primeira
vez desde 1995 as famílias brasileiras pagaram, em
2003, mais juros do que receberam. Elas desembolsaram R$ 47,4
bilhões para pagar juros, enquanto receberam R$ 42
bilhões, um saldo negativo de R$ 5,38 bilhões.
Os dados fazem parte do Sistema de Contas Nacionais do IBGE,
divulgados ontem pela instituição junto com
os números do PIB. Os valores não incluem rendimentos
de juros do FGTS e do PIS/PASEP, que somaram, no ano de 2003,
R$ 10,4 bilhões.
De qualquer maneira, desde que o IBGE começou a divulgar
os dados, em 1995, foi a primeira vez que as famílias,
como conjunto, tiveram desempenho negativo. O melhor resultado
havia sido em 1999, quando as famílias embolsaram nada
menos do que R$ 25,8 bilhões em termos líquidos
(juros recebidos descontados os já pagos). Em 2002,
o resultado líquido havia sido de R$ 2,3 bilhões.
"Nós já sabíamos que, em 2003,
as famílias estavam mais endividadas do que em períodos
anteriores", diz Carlos Sobral, do IBGE. As taxas de
juros também pesaram. Em média, a taxa básica
de juros foi de aproximadamente 23% em 2003, contra uma taxa
média de cerca de 19% em 2002.
As taxas médias cobradas pelos bancos das pessoas
físicas começaram a subir, na verdade, em 2002.
Em setembro daquele ano, a taxa média era de 23%, saltou
para 30,9% em dezembro e para o pico de 37,7% em julho de
2003. Os juros passaram a recuar, mas no fim do ano ainda
estavam em cerca de 30%.
Os juros passaram a pesar mais nos orçamentos por
conta tanto de um aumento no endividamento das pessoas- mas
não tão significativo, já que em 2003
o volume de crédito subiu apenas cerca de 8% em relação
a 2002- como da escalada dos juros bancários -a alta
dos juros na ponta foi alimentada pelas elevações,
pelo BC, no final de 2002 e início de 2003, das taxas
básicas de juros.
O gasto das famílias brasileiras com juros só
caiu em 1996, quando passou de R$ 18,7 bilhões para
R$ 18,1 bilhões, e em 2000, de R$ 28,9 bilhões
para R$ 19,9 bilhões.
As informações são
da Folha de S. Paulo.
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