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mercado de trabalho
03/08/2004
Empresas voltam a valorizar experiência

Aos 71 anos, Jeovah Braga Meireles, assessor da diretoria comercial da Apsen Farmacêutica, viaja muito e sempre acompanhado de seu notebook, que usa com desenvoltura. Apesar de estar de volta há apenas um ano na empresa, é apontado como um funcionário de destaque e atualizado.

Sua disposição impressiona os executivos. Tanto que, no ano passado, ligou para um diretor da empresa e disse que, mesmo com os seus 70 anos e pós um acidente vascular cerebral, que o afastou do mercado formal por um período de cinco anos, ele estava recuperado e pronto para voltar ao trabalho. O executivo o contratou no ato.

A empresa em que Meireles trabalha tem outros 31 profissionais com idade acima de 50 anos, o que representa 8,2% de seu quadro de funcionários. Os números não são aleatórios. A Apsen está em pleno processo de contratações, com o Projeto Terceira Idade. Para lá trabalhar, o único requisito é o interessado ter mais de 65 anos.

Menos músculos
Floriano Serra, diretor de RH da empresa explica o motivo. “A empresa precisa de cérebro, coração e experiência, não músculo”. Para o executivo, a não-contratação de pessoas com idade avançada não tem fundamento prático, “é puro preconceito”, o que os faz “sentirem-se inúteis e entrar em processo de baixa auto-estima”.

Serra diz ainda que o programa ganhou estímulo a partir do desempenho dos funcionários desta faixa etária, por ele considerada excelente.

A história de Meireles com a Apsen ainda é atípica no mercado de trabalho. Levantamento da Fundação Sistema de Análise de Dados (Seade) em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômico (Dieese), feito a pedido do Estado, atesta que pessoas com menos de 40 anos conquistaram, em média, no ano passado, um novo emprego, em 47 semanas. Acima de 60, esse tempo quase dobra – 85 semanas.

Superior completo
Mas Obadia Sion, consultor sênior do grupo de recrutamento Catho, vê mudanças no mercado. “Já não pedem uma secretária bonita. Não importa mais a idade e aspecto físico. Se a pessoa é competente, contratam.”

Na pesquisa do Seade-Dieese, Esmael Rodrigues, de 60 anos, está na categoria que ocupa o segundo maior percentual de ocupação para sua idade (superior completo, 60 anos ou mais). Formado em Farmácia pela Universidade São Paulo (USP). Tem inglês e espanhol fluentes e nunca esteve desempregado. Sempre trabalhou com carteira assinada.

Ainda nos tempos da faculdade, chegou a trabalhar, com registro e simultaneamente, em cinco lugares. Formado, sempre atuou como supervisor ou chefe farmacotécnico em grandes empresas, como Searle, Eurofarma e Furpe. Aposentou-se em 94, aos 50 anos, mas não parou de trabalhar. Foi para a Prodotti, para a EMS e em 97 assumiu o cargo de gerente de farmacotécnica da Apsen.

Ainda difícil
Mas não se deve esperar uma revolução no cenário. O espaço para os idosos ainda é muito pequeno. Sion enumera duas circunstâncias: dificuldade de atualização e de aprendizado em idade avançada, e maior tolerância desses profissionais em relação aos cargos oferecidos.

Estudos da Fundação Seade-Dieese mostram que, para pessoas de 40 a 59 anos, o nível de ocupação é maior entre aqueles com baixa escolaridade (39,6% para quem tem o fundamental incompleto). No ano passado, levaram em média 75 semanas (17 meses) para conseguir uma ocupação.

“O mercado para os mais velhos, em geral, é de cargos baixos e salários bem pequenos, “pois para eles isso (salário) não é importante”, observa. “Querem é ter alguma atividade, relacionarem-se com outras pessoas, sentirem-se úteis”.

Os desempregados da terceira idade são os que mais tempo levam para conseguir uma ocupação, 85 semanas (dezenove meses) em média.


As informações são da Agência Estado.

   
 
 
 


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