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Entrevista
02/08/2004
Instituto vai estudar a interação entre família e saúde da criança

Um local dedicado ao estudo da interação entre pais e filhos e da sua influência na saúde física e mental das crianças e adolescentes. É o que pretende o recém-criado Instituto da Família, que reunirá especialistas em pediatria, psicologia, pedagogia, filosofia, entre outras áreas. As atividades começam no próximo ano.

Dirigido pelo pediatra Leonardo Posternak, 57, do Hospital Israelita Albert Einstein e do Comitê de Saúde Mental da Sociedade de Pediatria de São Paulo, o instituto oferecerá cursos de especialização a médicos e atenderá famílias que estejam vivenciando situações de conflito. Mas ainda depende de parcerias para a viabilização de alguns projetos.

Segundo Posternak, a criança é vista hoje de forma fragmentada e, muitas vezes, doenças inexplicadas ou atitudes problemáticas são resultado de um conflito intrafamiliar. O médico é autor de dois livros, o último -"O Direito à Verdade - Cartas para uma Criança"- foi vencedor do prêmio Jabuti de psicologia de 2003.

A seguir, alguns trechos da entrevista dada à Folha

Folha - A curto prazo, é mesmo possível fazer com que os pediatras, durante uma consulta, avaliem essa relação entre pais e filhos e detectem possíveis conflitos?
Leonardo Posternak - Se não mudar o currículo do médico, ele não muda a maneira de enxergar a medicina. Hoje ele não considera que as relações familiares têm um peso importante no aparecimento de doenças físicas ou psíquicas na criança. O instituto quer estar ao lado das faculdades de medicina, extracurricularmente, trabalhando com a promoção e a prevenção da saúde familiar, mostrando que o pediatra é muito mais que um médico de criança.
Ele é o primeiro profissional que a família chama para cuidar do crescimento familiar. Por isso é preciso que ele tenha um currículo que extrapole o conhecimento biológico da criança. O mesmo objeto de estudo tem que ser olhado de vários lugares porque senão acontece a fragmentação da criança, que passa por neuropediatras ou fonoaudiólogos porque tem dificuldade escolar. Às vezes, quando vemos isso integrado à família, descobrimos que a dificuldade de aprender é resultado de um conflito intrafamiliar.

Folha - Essa não é uma questão que já deveria estar presente no currículo dos médicos?
Posternak - Deveria, mas não está. Há discursos mostrando que existe um hiato que não está sendo preenchido. O instituto surge porque há uma carência.

Folha - Na rede pública de saúde, os médicos têm menos de 15 minutos para atender uma criança. A rede conveniada segue o mesmo caminho. Como adequar essa carência a uma consulta mais elaborada?
Posternak - Creio que até mesmo em uma consulta de 15 minutos seja possível essa mudança de olhar. Se você basicamente olha a mãe e o filho e deixa essa mãe falar um minuto desses 15 disponíveis, muitas dicas poderão ser dadas. Nós estamos treinados para prescrever, não para ouvir. Em 15 minutos, é possível fazer uma consulta mais levada a detectar as causas do conflito de uma determinada relação.

No instituto, vamos ter consultórios onde os supervisores poderão acompanhar a maneira como os médicos bolsistas vão atender os pacientes.

A idéia é que eles procurem sinais e falhas de comunicação que possam existir entre o médico e a família. Queremos que depois o bolsista monte núcleos de pediatras e repasse o aprendizado, ou seja, que haja uma multiplicação de formadores em outras regiões.

CLÁUDIA COLLUCCI
da Folha de S.Paulo

   
 
 
 

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