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Seguro Social
03/09/2004
Rio tem a universidade da fraude, diz Bezerra

A força-tarefa que investiga fraudes contra a Previdência estima que o Rio de Janeiro é responsável por 90% do rombo de R$ 2 bilhões no caixa do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) desde 2000. No estado, 27 auditores e servidores do INSS são alvo da investigação, por irregularidades na emissão de certidões negativas de débito para mais de mil empresas. O presidente do INSS, Carlos Bezerra, disse que o Rio, por ter sido a capital do país, tem uma “cultura antiga” de fraudes:

" Há todo um know-how : fizeram no Rio uma universidade da fraude. É verdade que isso existe em outros estados, mas no Rio é mais acentuado", disse Bezerra, acusado de desvio de recursos da extinta Sudam, entre outras irregularidades.

Investigação
Fazem parte da força-tarefa o próprio INSS, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal. A investigação começou no Rio, em 2000, e hoje atinge 18 estados. As empresas precisam da certidão negativa de débito para provar que não têm dívidas com a Previdência e, assim, obter empréstimos bancários ou negociar com o governo.

A força-tarefa constatou irregularidades na emissão dessas certidões. Empresas que tinham débito com o INSS receberam o documento como se nada devessem. O mesmo ocorreu com estabelecimentos que não vinham prestando informações sobre o recolhimento previdenciário, o que deve ser feito mensalmente por meio da guia de recolhimento do FGTS e informações à Previdência (GFIP).

"Isto aqui é uma baderna! Não há segurança alguma", disse Bezerra, afirmando ser possível que até mesmo servidores demitidos por fraude tenham acesso ao sistema de informática, já que conhecem as senhas.

O valor estimado das fraudes é de R$ 2,14 bilhões. Mas, no caso de São Paulo, estado que concentra 40% das dívidas de empresas com o INSS, só foram contabilizados indícios de desvios praticados até dezembro de 2002.

Até essa data, a investigação ficou concentrada no pagamento de benefícios. De 2003 para cá, a força-tarefa debruçou-se também sobre as áreas de arrecadação, fiscalização e cobrança de contribuição previdenciária.

"A força-tarefa é uma ação de emergência. O x da questão é a modernização para que o sistema de gestão fique menos vulnerável", disse Bezerra.

O órgão vai trocar computadores e o software em 16 mil pontos de atendimento em todo o país. A idéia é adotar mecanismos de segurança como assinatura digital e até mesmo um dispositivo de identificação pela íris para os funcionários do INSS que têm acesso à rede e para os beneficiados, evitando fraudes como o pagamento a pessoas que já morreram.

O INSS tem US$ 114 milhões (R$ 333 milhões) para um programa de modernização financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Segundo Bezerra, o dinheiro não foi gasto antes por falta de projetos. Em São Paulo, foi instalado um sistema eletrônico de troca de informações com a Justiça Federal, reduzindo de sete meses para 48 horas a duração de procedimentos burocráticos para cobrar dívidas.

Outra fonte de prejuízos para o órgão é a falta de procuradores para atuar nas ações judiciais em que o governo tenta cobrar de seus devedores.



DEMÉTRIO WEBER
do jornal O Globo

   
 
 
 

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