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Mercado sexual
07/10/2004
Ceará lidera tráfico de mulheres

FORTALEZA (CE) - O Estado do Ceará, ao lado de Goiás, Rio de Janeiro e São Paulo, está na mira das autoridades nacionais e internacionais que atuam no combate ao tráfico de seres humanos. Um estudo elaborado pela Organização das Nações Unidas (ONU) comprovou que Fortaleza, ao lado de Goiânia são as capitais brasileiras de onde mais saem mulheres brasileiras para se prostituírem na Europa, onde acabam sendo mantidas em regime de semi-escravidão. Aliciadas por agenciadores brasileiros e estrangeiros, as mulheres - com idades que variam de 18 a 25 anos, em sua maioria - viram presas fáceis na armadilha dos traficantes de seres humanos para fins de comércio sexual. São quadrilhas organizadas que vêm sendo combatidas pelas autoridades brasileiras e européias, principalmente na Espanha, Itália, França e Portugal.

O aliciamento das garotas pode ocorrer de duas formas. Na primeira, elas são abordadas por supostos turistas em zonas de praia e convencidas a participarem de ‘programas’, ocasião em que são fotografadas. As fotos são enviadas para a Europa e chegam às mãos dos ‘cafetões’, donos de boates de ‘strip-tease’ instaladas em cidades turísticas.

Ao ‘cafetão’ cabe escolher quais as garotas que lhe interessam para o ‘trabalho’ nas boates. O passo seguinte é ele enviar o dinheiro (euro ou dólar) a fim de que o agenciador local prepare as garotas para a viagem internacional. A elas são fornecidas roupas, sapatos, acessórios e, por fim, providenciado o passaporte.

Namorados
A segunda forma detectada pelas autoridades é mais sutil e torna-se difícil uma repressão porque, à primeira vista, não transparece como crime. Os próprios agenciadores estrangeiros vêm ao Brasil e aqui arranjam ‘namoradas’, terminam sendo convencidas a viajar para conhecer a terra natal daquele pelo qual se apaixonaram.

O resultado desse aliciamento - seja de que forma ele aconteceu - quase sempre torna-se um pesadelo para as garotas. Na Europa, elas acabam sendo mantidas em cárcere privado, submetidas às regras de exploração sexual impostas pelos traficantes internacionais: ficam sem o passaporte e são forçadas a se prostituir para saldar todas as ‘despesas’ dos aliciadores, isto é, têm que pagar desde as passagens de avião até a comida que consumiram na viagem. Dali em diante, viram ‘escravas brancas’, forçadas a fazer shows e ‘programas’ nos prostíbulos instalados em zonas turísticas.

Em Fortaleza, as autoridades locais já detectaram diversos casos de garotas - e também rapazes - que são levadas pelos agenciadores. Algumas somente retornaram ao Brasil depois que as autoridades brasileiras e estrangeiras foram acionadas pelas famílias. Na cidade de Santander, na Espanha, a Polícia local, com o auxílio de informações levantadas pela Interpol, localizou uma dessas boates, onde várias mulheres - de diversos países - eram mantidas sob escravidão sexual.

Espelho
A diretora da Divisão de Apoio ao Turista (DAT), delegada Cândida Brum, explica que o trabalho realizado no Ceará, no combate ao tráfico de mulheres para o exterior, tornou-se referência nacional. No ano passado, a equipe da DAT identificou parte de uma rede internacional que recrutava jovens em Fortaleza e mandava para a Espanha. O principal agenciador foi identificado e preso, mas, por decisão da Justiça local, está novamente em liberdade.

As pistas seguidas pela DAT levaram à identificação de agenciadores, mas também de uma grande quantidade de garotas e rapazes aliciados. Fotografias de moças que fariam parte dos ‘books’ enviados para a Europa foram apreendidos. Há outras provas como passaportes, carteiras de identidade e até cartões de apresentação dos locais onde as cearenses ‘trabalharam’ para a rede de exploradores.

Segundo Cândida, há casos de garotas moradoras de favelas da periferia de Fortaleza que fazem até quatro viagens à Europa por ano. “É o tráfico avulso. Lá elas ficam durante um mês, em companhia de um suposto namorado, e retornam para suas casas”, conta a delegada.


As informações são do Diário do Nordeste, Fortaleza - CE.

   
 
 
 

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