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planejamento
08/01/2004
Lula exige que os ministros criem metas para emprego

Depois de um ano de baixo crescimento da economia e de taxa de desemprego elevada em 2003, o governo Lula decidiu fixar metas setoriais de emprego para 2004. A estratégia para este ano foi delineada em uma reunião de cerca de oito horas do presidente da República com dez de seus ministros. Também ficou decidido que será dada prioridade para as áreas de saneamento e habitação, tidas como as que mais necessitam de investimento atualmente.

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, responsável por anunciar os resultados da reunião, informou que serão estabelecidas, nos próximos dias, metas setoriais de geração de emprego. Segundo o ministro, o objetivo não é criar números globais, mas sim realistas e críveis.

"É preciso dizer às pessoas que o Brasil decidiu, de forma definitiva, ser um país arrumado. O Brasil não vai fazer arrumação de curto prazo, não vai dar uma ajeitada nas contas em função de uma ou outra eleição. O equilíbrio é responsabilidade do país, não apenas de ministros. A arrumação de contas e o equilíbrio das contas públicas são o objetivo do país", disse Palocci. "É um amadurecimento do país. Não há lugar para procedimentos diferentes, para aventuras, para projetos mirabolantes".

Por essa razão, destacou o ministro, o governo tem tido cuidado em falar sobre metas de combate ao desemprego. Palocci explicou que o governo está trabalhando com os diversos setores da economia e alguns deles já têm suas projeções.

É o caso da área de agronegócios. Segundo Palocci, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, disse na reunião que o setor tem potencial para criar 1,3 milhão de empregos em 2004. Rodrigues afirmou que a produção agrícola aumentará de 122 milhões de toneladas para 129 milhões de toneladas de grãos este ano.

Ajuste fiscal
O problema é que, nos últimos dias, os ministros têm apresentado metas desencontradas sobre a geração de empregos. Jaques Wagner, do Trabalho, disse na última segunda-feira que em 2004 só a construção civil deve gerar 800 mil empregos. Ele também vem afirmando que, somente este ano, as áreas de saneamento e habitação podem abrir dois milhões de vagas.

Já o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, disse terça-feira, em entrevista ao “Bom Dia Brasil”, da TV Globo, que a área de exportações pode gerar um milhão de empregos. Na reunião de ontem, no Palácio do Planalto, Furlan afirmou que as exportações darão um salto de US$ 73 bilhões para US$ 80 bilhões este ano.

Na reunião com o presidente Lula, examinou-se ainda a evolução do emprego e do desempenho econômico em cada região do país. Palocci disse que dois terços do um milhão de vagas abertas em 2003 foram no interior do país:

"E um interior com um “erre” bem arrastado", brincou.

Otimista, Palocci disse que o Brasil tem todas as condições de entrar numa fase de crescimento econômico prolongado e que o equilíbrio das contas públicas é vital para isso. Ele enfatizou que os instrumentos de ajuste fiscal, controle da inflação e equilíbrio das contas continuarão. Segundo Palocci, esse compromisso foi reiterado por Lula na reunião.

"Equilíbrio macroeconômico é precondição para o crescimento sustentado. Não há exemplo de país com crescimento e inflação alta. E não é o Brasil que vai conseguir essa proeza. O comportamento fiscal que tivemos no ano passado vai continuar neste e nos próximos anos. Este é o objetivo permanente e o presidente Lula reafirmou isso na reunião", disse Palocci.

O ministro enfatizou que há um clima de otimismo em relação à retomada continuada do crescimento, compartilhado pelo presidente Lula e pelos ministros.

"O equilíbrio das contas é um bem do povo brasileiro. Não se aceita mais um comportamento perdulário do governo", disse ele. "O clima é de muito otimismo com o ano de 2004. O Brasil abre agora uma oportunidade de crescimento sustentável".

Crédito imobiliário
Segundo Palocci, para gerar empregos o governo terá de se concentrar em dois setores: saneamento e habitação. O ministro disse que estas são áreas que enfrentam sérias dificuldades, e sua recuperação é importante para a questão do emprego. Na reunião, concluiu-se que o desemprego só será combatido com crescimento econômico e que não há mágica.

Ao prometer medidas de crédito imobiliário, Palocci disse que o mercado brasileiro é pequeno. Ele lembrou que muitos países retomaram o crescimento com investimentos na construção civil.

"O Brasil não tem por que ter um mercado imobiliário tão restrito. Estamos estudando uma série de medidas, como as relativas ao crédito para o setor imobiliário", disse ele, defendendo que a baixa renda tenha maior acesso à casa própria.

 

CRISTIANE JUNGBLUT
ENIO VIEIRA
do jornal O Globo

   
 
   
 

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