HOME | COLUNAS | SÓ SÃO PAULO | COMUNIDADE | CIDADÃO JORNALISTA | QUEM SOMOS
 
 

evento
09/10/2006
Centro Universitário Senac traz olhares sobre o trabalho infantil urbano

Mais de cinco milhões de crianças e adolescentes trabalham no Brasil, de acordo com dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Somente na capital paulista, o número chega a dois mil, nos 180 principais cruzamentos da cidade, segundo estimativas da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social. Na semana em que o país comemora o Dia da Criança, o Centro Universitário Senac – campus Santo Amaro debate esse problema social no evento gratuito Olhares sobre o trabalho infantil, que ocorre em 9 de outubro. A programação inclui a exibição de um documentário, mesa-redonda com especialistas no assunto e abertura de exposição fotográfica do norte-americano Lewis Hine e estudantes da instituição.

Em meio à rotina da cidade, crianças e adolescentes se deslocam da periferia para bairros nobres de São Paulo, onde pedem esmolas, fazem malabarismo diante de motoristas apressados ou ainda comercializam produtos. Esse universo é apresentado no documentário Crianças, que será lançado durante o evento. Alexandre Rathsam, autor e diretor do filme, entrevistou cerca de 30 trabalhadores, de 6 a 14 anos, entre março e agosto de 2006. “Ao contrário do que a sociedade pensa, muitos deles estão matriculados nas escolas, residem com familiares e acabam sendo a principal fonte de renda da casa”, aponta Rathsam, ex-aluno do curso de Gestão Ambiental do Senac, que completa: “Há até exemplos da terceira geração em um mesmo semáforo, ou seja, a profissão foi herdada de pai para filho”.

Além de mostrar o dia-a-dia do trabalho infantil urbano, a produção traz a opinião de educadores, autoridades, especialistas e familiares sobre o tema. Apresenta desde o descaso da população, que normalmente vê a atividade como disciplinadora, reforçando o mito de que “é melhor trabalhar do que roubar” até iniciativas positivas isoladas, como a de uma professora que vai buscar alunos na rua para não faltarem à escola. Para Rathsam, que no ano passado dirigiu um documentário sobre o cotidiano de catadores de lixo (Carroceiros), a resolução desse problema está atrelada a uma articulação de diversos atores sociais. ”Em vez de dar dinheiro, é necessário contribuir com ONGs, que buscam a erradicação da mão-de-obra infantil”, exemplifica.

Retratos do passado e presente
O evento também apresenta uma exposição fotográfica, reunindo imagens da década de 20, produzidas pelo norte-americano Lewis Hine, e atuais, de alunos do Bacharelado de Fotografia do Centro Universitário Senac. A mostra traz 12 obras feitas por Hine entre 1908 e 1918, quando foi contratado pela Comissão Nacional contra o Trabalho Infantil para registrar a exploração de crianças nos EUA. Seu material foi fundamental para a aprovação da lei contra a mão-de-obra infantil naquele país e deu origem aos livros Child labour in the Carolinas e Day laborers before their time, transformando Hine em referência na história da fotografia documental. “Sua imagem é engajada, assume uma posição política e reflete sua filosofia. Ele acreditava que se as pessoas pudessem perceber, pelas fotografias, evidências claras do que estava acontecendo, entenderiam a situação e poderiam mudá-la”, afirma João Kulcsár, curador da exposição.

Há também imagens inéditas de seis alunos de fotografia, resultado de seis meses de trabalho na cidade de São Paulo. Além disso, a mostra traz quatro fotos de ex-alunos da instituição apresentadas em 2004 em eventos ocorridos em São Paulo e Brasília. Esse projeto faz parte do Programa de Iniciativas Sociais do Centro Universitário Senac, que estimula ações voluntárias de estudantes e professores, além de grupos de discussões sobre temas ligados ao terceiro setor.

Especialistas falam do trabalho infantil urbano
Apesar de um relatório recente da OIT ter apontado uma diminuição de 60,9% do trabalho infantil, entre 1992 e 2004, na faixa etária de cinco a nove anos de idade, e de 36,4%, entre 10 e 17 anos, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), divulgada este mês pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou um crescimento de 10,3%, em 2005. O estudo do órgão nacional refere-se a crianças entre 10 e 14 anos.

Para discutir esses dados e as iniciativas para erradicar a mão-de-obra infantil, o evento contará com a presença de Floriano Pesaro, secretário Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social; Izabel Cristina Martin, gerente estadual do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI); e Itamar Batista Gonçalves, gerente da área de Direito à Proteção Especial da Fundação Abrinq. A mesa-redonda será mediada por Sérgio de Oliveira, técnico de Desenvolvimento Social do Senac São Paulo e coordenador do Fórum Paulista de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil.

O secretário Floriano Pesaro falará sobre ações governamentais, como o programa São Paulo protege suas crianças, que combina o controle de freqüência à sala de aula com atividades de complementação da jornada escolar e inclusão em programas e serviços de proteção social, entre outras. Atualmente, a secretaria trabalha com a campanha de conscientização da sociedade: Dê mais que esmola, dê futuro, criada com o objetivo de sensibilizar a população para não dar dinheiro às crianças e adolescentes que vivem e/ou trabalham nas ruas.

A articulação do governo com a sociedade civil para o sucesso do PETI, programa do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, criado em 1996, será o tema da palestra de Izabel. Já Gonçalves, da Abrinq, traçará um panorama geral sobre a mão-de-obra infantil no país, abordando ainda a diferença entre trabalho na rua e criminalidade.

Olhares sobre o trabalho infantil conta com a parceria da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social e Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente.

Programação:
14 horas - abertura do evento
14h30 - lançamento do documentário Crianças, dirigido pelo ex-aluno de Gestão Ambiental do Centro Universitário Senac, Alexandre Rathsam
15 horas - mesa de panoramas

- Itamar Batista Gonçalves, gerente da área de Direito à Proteção Especial da Fundação Abrinq

- Izabel Cristina Martin, gerente estadual do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI)

- Floriano Pesaro, Secretário Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social

Mediador: Sérgio de Oliveira, técnico de Desenvolvimento Social do Senac São Paulo e coordenador do Fórum Paulista de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil.

17 horas - abertura da exposição fotográfica Olhares sobre o trabalho infantil

Serviço:
Gratuito
Olhares sobre o trabalho infantil
Data: 9 de outubro, 2ª feira
Horário: das 14 às 17 horas
Local: Centro de Convenções do Centro Universitário Senac - campus Santo Amaro - Av. Eng. Eusébio Stevaux, 823 – Santo Amaro

Informações e inscrições: (11) 5682-7300, site
e-mail: zzinscricoes.extensao@sp.senac.br


Exposição fotográfica
Gratuito
Data: de 9 de outubro a 1 de dezembro
Horário: abertura no dia 9, a partir das 17 horas. Após o dia 9, de segunda a sexta, das 9 às 22 horas, e aos sábados, das 9 às 17 horas
Local: Centro Universitário Senac - campus Santo Amaro - Av. Eng. Eusébio Stevaux, 823 – Santo Amaro

Informações: (11) 5682-7300 ou pelo site

   
 
 
 

NOTÍCIAS ANteriores
06/10/2006
Caravana do conhecimento no Vale do Anhangabaú
05/10/2006
PVC ajuda no tratamento de crianças com disfunção neuromotora
04/10/2006 Festival de cinema destinado ao público acadêmico
04/10/2006 Virada Cultural conscientiza prevenção contra a AIDS
04/10/2006
Teatro investe em ex-presidiários
02/10/2006
Educação em cartaz no cinema
02/10/2006
Ruas discute arte urbana
29/09/2006
Semana dedicada a leitura agita polo empresarial de São Paulo
29/09/2006
Samba volta à Nova Luz neste sábado
28/09/2006
MEC quer disseminar no país modelo adotado por colégio com maior notas