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12/02/2004
Governo devolve recursos ao combate do trabalho infantil

O governo federal decidiu ontem que vai devolver para a conta do Peti (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil) os R$ 297 milhões que haviam sido retirados do programa e incluídos no orçamento do Bolsa-Família.

Na edição de ontem, a Folha revelou que a verba do Peti havia sofrido um corte de 80%. Em 2003, o programa, que está entre os prioritários do governo Luiz Inácio Lula da Silva, tinha um orçamento de R$ 507,5 milhões e, neste ano, de apenas R$ 100,2 milhões.

Os R$ 297 milhões extras serão destinados ao pagamento de bolsas mensais para crianças e adolescentes que foram retirados do trabalho infantil. Quem vive nas cidades recebe R$ 40 por mês; quem mora na zona rural ganha R$ 25 mensais do governo.

O Peti tem por objetivo retirar menores de 16 anos do trabalho considerado penoso, insalubre ou degradante, caso das carvoarias, olarias e plantações de cana-de-açúcar, entre outras atividades.

A secretária nacional da Assistência Social, Márcia Carvalho Lopes, informou ontem, depois da publicação da reportagem na Folha, que os R$ 297 milhões do Peti que haviam sido incluídos no Bolsa-Família vão voltar para a conta do programa de combate ao trabalho infantil.

O Bolsa-Família é o programa unificado de transferência de renda que o governo federal criou em outubro do ano passado para tornar mais eficiente o pagamento dos benefícios sociais.

O programa paga os benefícios do Cartão-Alimentação, do Bolsa-Alimentação, do Bolsa-Escola e do Vale-Gás. O Peti não faz parte do Bolsa-Família. Ou seja: ou ele mudava para acomodar o Peti ou o dinheiro do combate à erradicação do trabalho infantil teria que sair do orçamento da unificação.

Suplementação
A secretária afirmou que, além de ter de volta o dinheiro incluído no Bolsa-Família, o Peti contará com uma suplementação de verba no valor de R$ 83 milhões. Márcia Lopes não especificou a origem desse dinheiro. "A suplementação está garantida politicamente", disse a nova secretária.

Com isso, o orçamento do programa (R$ 100,2 milhões), somado ao que será devolvido do Bolsa-Família (R$ 297 milhões) e à suplementação (R$ 83 milhões) será de R$ 480,2 milhões.

De acordo com Márcia Lopes, apesar de esse valor ser inferior aos R$ 507,5 milhões do orçamento do Peti no ano passado, não é possível afirmar que a verba do programa teve uma redução.

Motivo: dos R$ 507,5 milhões orçados em 2003, foram gastos, segundo a secretária, apenas R$ 405 milhões. Há ainda R$ 82 milhões de débito do programa que serão pagos neste ano.

Márcia Lopes afirmou ainda que os R$ 297 milhões serão suficientes para aumentar o número de bolsas concedidas às meninas e meninos trabalhadores das atuais 810 mil para 912 mil. Ou seja: em 2004, o governo, segundo a secretária, estenderá o Peti para mais 92 mil crianças e adolescentes.

Ações
Além do pagamento de bolsas mensais, o Peti repassa dinheiro aos municípios para financiar ações socioeducativas com meninos e meninas retirados do trabalho. Com a redução do dinheiro do programa, pelo menos 330 mil crianças, do universo das 810 mil que são atendidas, seriam excluídas dessas atividades.

Ontem, a secretária da Assistência Social afirmou que, com a devolução de recursos ao Peti e a suplementação de verba, nenhuma criança ou adolescente ficará de fora dessas atividades.

Márcia Lopes informou ainda que o pagamento das bolsas havia atrasado no mês de dezembro, mas que o repasse aos Estados já está sendo regularizado.
A secretária também assegurou que o programa não será atingido pelo corte de cerca de R$ 6,5 bilhões que o governo já anunciou que fará nos seus gastos.

"Pelo contrário. Nós vamos ter mais recursos", afirmou. A secretária disse que ainda pretende conseguir mais recursos com organismos internacionais, como o Unicef (o fundo das Nações Unidas que trabalha com questões relativas à infância).



GABRIELA ATHIAS
da Folha de S. Paulo

   
 
 
 

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