HOME | COLUNAS | SÓ SÃO PAULO | COMUNIDADE | CIDADÃO JORNALISTA | QUEM SOMOS
 
 

ensino superior
13/07/2004
Vestibular da UnB mostra distorções com cotas

BRASÍLIA. Nenhum dos candidatos aprovados pelo sistema de cotas raciais no vestibular de 15 dos 61 cursos da Universidade de Brasília (UnB) tirou nota suficiente para obter a vaga pelo sistema universal. Ou seja, os cotistas vão estudar na instituição graças à reserva de vagas para alunos pretos e pardos que se consideram negros. Por outro lado, em seis cursos a menor nota entre os aprovados pelo regime de cotas superou a do último classificado pelo sistema tradicional, o que significa que os estudantes negros não precisariam do sistema de cotas para ser aprovados.

Em seis cursos, a maior nota de um aluno beneficiado pelo sistema de cotas superou as notas de todos os aprovados pelo sistema tradicional.

A estudante Kássia Roque Oliveira, de 19 anos, foi a mais bem classificada entre todos os inscritos pelo sistema de cotas. Ela ficou em terceiro lugar na classificação geral do vestibular da UnB e vai cursar medicina. O primeiro colocado no curso de engenharia mecatrônica, Ricardo Borges Silva, também se inscreveu pelo sistema de cotas.

“Todos têm condições de acompanhar o curso”
Em 46 dos 61 cursos do vestibular da UnB, inclusive medicina e direito, os mais concorridos, pelo menos o primeiro colocado entre os que se inscreveram no sistema de cotas teve nota suficiente para dispensar o benefício da reserva de vagas.

Os resultados do vestibular de inverno da UnB, primeira instituição federal a adotar a política de cotas raciais, foram divulgados ontem. Defensor da reserva de vagas para negros, o vice-reitor da instituição, Timothy Mulholland, disse que o resultado no vestibular não determina o desempenho que o estudante terá ao longo do curso:

"Fizemos um estudo na UnB e constatamos que não há correlação entre a nota no vestibular e o desempenho no curso".

Entre os 15 cursos em que todos os candidatos cotistas só foram aprovados por causa da reserva de vagas, no de arquitetura e urbanismo o estudante com melhor resultado entre os cotistas somou 107,8 pontos na escala estatística usada pela UnB para a classificação. Esse estudante ficou 28,9 pontos abaixo da menor nota obtida no sistema geral: 136,7.

"Todos foram classificados e têm condições de acompanhar o curso", disse o diretor-acadêmico do Cespe, órgão encarregado do vestibular da UnB, Mauro Rabelo.

Na medicina, o melhor colocado pelo sistema de cotas alcançou 430 pontos, e o primeiro pelo sistema universal ficou com 478,4. Já o último no regime de cotas somou 334,4, enquanto no sistema tradicional a pior média foi 361,2. A relação candidato/vaga para medicina, no sistema tradicional, era de 82,38 candidatos por vaga e, pela cota, 32,86. Em direito, a relação era de 61,4 candidatos por vaga no tradicional e 47,2 pela cota.

A UnB reservou 20% de suas vagas para negros. O candidato devia informar se era preto ou pardo e se se considerava negro. Na inscrição, todos foram fotografados para evitar fraudes. Das 392 vagas destinadas às cotas, 14 não foram preenchidas: quatro delas na engenharia civil, duas em artes cênicas (bacharelado), uma em artes plásticas (licenciatura noturno) e cinco em música. À exceção das vagas de música, as demais foram aproveitadas por candidatos do sistema universal.

Kássia Oliveira, de 19 anos, considera-se parda e cursou o ensino médio em escola pública. Foi o seu quarto vestibular para medicina.

"Chorei e gritei ao saber o resultado. Quando a gente quer uma coisa, tem que ir atrás. Consegui porque me dispus a lutar pelo meu sonho", disse a jovem, que mora em Valparaíso, cidade goiana na periferia do Distrito Federal, é filha de um funcionário público e de uma dona de casa e não teria como pagar a mensalidade numa universidade particular.

O estudante Lucas dos Santos, de 20 anos, foi outro beneficiado pelas cotas. Filho de uma cozinheira, ele é pardo e passou no vestibular de engenharia mecatrônica. As irmãs Ana Carolina Louzada, de 17 anos, e Alice, de 20, disputaram vagas pelo sistema universal e não foram aprovadas.

"Sou contra as cotas. Se a pessoa quer passar, pode buscar estudo melhor mesmo na escola pública", disse Ana.



As informações são do jornal O Globo.

   
 
 
 

NOTÍCIAS ANteriores
12/07/2004 Bloco quer tecnologia própria contra Aids
12/07/2004
ECA pode mudar depois de 14 anos
12/07/2004
Drogas já somam 26% entre menores infratores
12/07/2004
Professores de áreas de risco terão abono de 30%
12/07/2004
Campanha busca abolir palmada "pedagógica"
08/07/2004 Vivo ampliará ações de responsabilidade social
08/07/2004 Só 7,3% dos brasileiros com 25 anos têm faculdade
08/07/2004 Desemprego é o maior dano causado pela pirataria
08/07/2004 Bolsa Família deverá beneficiar mais de 11 milhões no final de 2006