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celular solidário
17/01/2005
Ações sociais também podem ser realizadas por meio de celular

"Envie um torpedo para o número 4000 e doe R$2,00 às vitimas do Tsunami". É mais ou menos esta a mensagem que o usuário TIM recebeu em seu celular ou que pôde ainda visualizar em um pop up no site da operadora de telefonia móvel. A campanha "Ajuda sem Fronteiras" foi lançada no dia 30 de dezembro de 2004 e até a manhã do dia 13 de janeiro o número de torpedos (mensagens de texto via celular ou sms – short message service) com a palavra "ajuda" chegou a mais de 160 mil: "uma média de 10 torpedos por minuto para a campanha que segue até o dia 15 de janeiro", avisa a assessoria de imprensa da empresa. O valor, que deve facilmente alcançar R$350 mil, será auditado e então repassado à ONU - Organização das Nações Unidas e à Cruz Vermelha Internacional pela empresa de auditoria Deloitte, que acompanhou toda a campanha voluntariamente. O cuidado, segundo a assessoria de imprensa, é uma "forma de garantir a transparência do processo".

A idéia parece ter sido inspirada na produtora americana de conteúdo para celular ZapToPhone que, em parceria com a operadora canadense Bell Mobility, está vendendo ringtones (toques de celular) com os temas: Thailand National Anthem (US$2,00); India National Anthem (US$4,00); Sri Lanka National Anthem (US$6,00); e Indonesia National Anthem (US$9,00). O dinheiro arrecadado será doado para a Canadian Red Cross Asia Earthquake and Tsunamis Relief Fund, a Cruz Vermelha do Canadá que está dando suporte às vítimas da tragédia acontecida na Ásia no final de 2004.

Se até há alguns anos, com o boom da Internet, víamos como novidade fazer doações usando essa nova mídia (quem não se lembra dos clássicos clickfome, clique leite, clickárvore etc), hoje a telefonia móvel tem se mostrado extremante eficiente no quesito solidariedade: "ação social realizada por meio de celular é tendência, uma vez que hoje temos mais de 60 milhões de celulares no Brasil e esse número deve chegar a 100 milhões até o final de 2005", destaca Andreas Blazoudakis, presidente da Yavox Latin America, integradora de soluções para o mercado de transmissão de dados por telefonia celular, que também deve lançar nos próximos dias campanha direcionada às vítimas da Ásia: "ainda precisamos definir qual a operadora que trabalhará conosco nesta ação", explica o presidente da Yavox.

Mas esta não será a primeira ação social por meio de celular feita pela empresa: "entre 2001 e 2002 fizemos uma expedição pelo litoral brasileiro chamada Mobile Adventure Tour que tinha um cunho ambiental e ecológico... durante a viagem, os tripulantes enviavam notícias para os 10 mil cadastrados e interessados", elucida Blazoudakis. Mas a expedição, que teve como objetivo identificar e estudar golfinhos e baleias do litoral nacional e contou ainda com o apoio das empresas de telefonia celular Telemig e Amazônia, foi apenas a primeira ação da Yavox. No final do ano passado, a empresa trabalhou com o SBT no projeto Teleton, que recolhe doações para a AACD - Associação de Assistência à Criança Deficiente: "disponibilizamos 5 números que foram usados para interagir e chamar a atenção do público além de receber doações de R$1,00 via torpedo", explica Blazoudakis.

Toques solidários
Outra operadora nacional de telefonia móvel que também permite doações em dinheiro via celular, em parceria com o Banco do Brasil, é a Oi: "clientes do Banco do Brasil, que já podem fazer operações de banco via celular desde 2003, encontram um ícone no navegador do celular para doação de qualquer valor para a campanha federal Fome Zero", explica a assessoria de imprensa da operadora. A operadora Vivo-RS, em parceria com o Hemocentro do Rio Grande do Sul, está usando o torpedo na campanha "Mensagem Solidária": "O cliente VIVO Pós e Pré-pago cadastra-se no site www.hemocentro.rs.gov.br e quando o Hemocentro precisa de um determinado tipo de sangue, o doador é avisado por meio da 'Mensagem Solidária', além de mensagens de estímulo para doações voluntárias", explica a assessoria de imprensa da Vivo-RS lembrando que contam com cerca de 1.600 clientes cadastrados. De acordo com dados do Hemocentro, a campanha, que está no ar desde agosto de 2004, aumentou em 40% a doação voluntária, sendo que o retorno dos doadores é de 10%.

Já a desenvolvedora de produtos e serviços para telefonia móvel e fixa, Tellvox, está promovendo uma ação social de forma mais parecida com a da americana ZaptoPhone. Por meio do site Ligaki o usuário pode baixar (fazer download) para seu celular wallpapers (imagens para tela de celular) que custam R$3,40 para clientes da operadora Vivo e que terá parte do valor arrecadado doada para a Casa Hope, instituição que apóia crianças com câncer. São mais de 20 opções de wallpapers assinados por personalidades como o carnavalesco Joãozinho Trinta, a arquiteta e decoradora Esther Giobbi, a também decoradora Ruth Mendonça de Barros e a arquiteta Brunete Fraccaroli que doaram suas telas à instituição.

A idéia, segundo a assessoria de imprensa da Tellvox é também disponibilizar em breve ringtones com jingles de artistas famosos que doaram seus direitos autorais para a Casa Hope: "O celular é um novo meio de distribuição de conteúdo e entretenimento para o público jovem. Estamos preocupados em conscientizar e envolver os jovens em causas sociais", explica Leonardo Xavier, diretor geral da Tellvox. A empresa também busca novas parcerias com outras ONGs e instituições para usar o celular como meio de divulgação destas organizações e arrecadar fundos para suas causas.

Solidariedade do futuro
As idéias para as mais variadas formas de ações sociais por meio de celular parecem estar apenas começando, segundo o presidente da Yavoxx: "o celular é o aparelho da convergência digital e muito poderá ser feito ainda como, por exemplo, o usuário enviar um torpedo-doação e receber uma foto em agradecimento, tudo via celular", explica Blazoudakis destacando que o Brasil faz cerca de 100 mil transações via celular por ano: "o mercado brasileiro é muito parecido com o europeu que já faz 1 bilhão de transações via celular por mês! Ou seja, o mercado para esse tipo de ação solidária deve crescer muito no nosso país", completa.

O gerente de comunicação estratégica da empresa desenvolvedora de tecnologia móvel Compera, Paulo Henrique Ferreira, concorda: "a penetração de celular no Brasil é grande e as operadoras precisam descobrir que é possível fazer ações sociais com o terceiro setor que sejam auto-sustentáveis e ainda gerar receita", conclui o gerente de comunicação e também um dos organizadores do projeto "Rede Pipa Móvel", que faz parte do projeto "Rede Pipa Sabe" - uma iniciativa do programa "SPiN - Engenho de Redes" (da Cidade do Conhecimento, USP– Universidade São Paulo) associado ao programa GESAC (Ministério das Comunicações e Ministério da Educação), SEBRAE-RN, UFRN.

Neste projeto que começou há um ano e que tem como objetivo desenvolver a região e a comunidade da praia de Pipa, no Rio Grande do Norte, por meio de capacitação de moradores para o turismo, foram instalados, numa primeira fase, diversos telecentros a fim de colocar os moradores locais em contato com tecnologia da informação: "parece incrível, mas até mesmo os filhos dos pescadores tem seu próprio celular", entusiasma-se Ferreira. Ainda dentro do projeto, são promovidas o que chamam de "ondas" temporadas de eventos que mostram a cultura local como segredos da culinária regional, oficinas de barco de pesca, teatro de damas, literatura de cordel, apresentação da dança de capoeira Coco Zambê, entre outros, justamente com o objetivo de preservar e valorizar esta cultura local. Os eventos são pagos com uma moeda complementar criada e estudada pela equipe da Cidade do Conhecimento chamada Garatuí.

O próximo passo será colocar em prática um projeto piloto que usará os celulares como intermediário entre o "Rede Pipa Sabe" e os cerca de 400 mil turistas que visitam a região por ano: "Num primeiro momento os visitantes devidamente cadastrados quando chegam à Pipa são avisados via SMS que os eventos que escolheram irão começar, além de receberem por celular outras dicas da programação", explica Ferreira.

"A idéia é mantermos este projeto e expandi-lo", completa o gerente de comunicação lembrando que dentro do projeto existe ainda a idéia de vender o que ele chamou de "souvenirs móveis", como ringtones com a música do Coco Zambê e fotos do local: "o turista poderá levar uma lembrança e ainda contribuir para a geração de renda local e incentivo turístico", diz. Segundo Ferreira, jovens interessados da comunidade serão capacitados para criarem as lembrancinhas digitais. Mas o projeto não pára por aí. O gerente de comunicação acredita que já em 2006 conseguirão implementar m-commerce (móbile commerce ou venda por celular): "o objetivo é fazer circular o Garatuí via celular, ou seja, o aparelho será uma espécie de cartão de crédito que o turista poderá usar durante sua estadia na praia de Pipa", garante. "Preparem-se! O celular vai se tornar uma moedeira virtual", concorda e completa o especialista em telefonia móvel e presidente da Yavox, Andreas Blazoudakis.

LISANDRA MAIOLI
do site setor3

   
 
 
 

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