As escolas
públicas do país são um espaço
de "transgressão e desordem" e viraram "terra
de ninguém". Essa é a conclusão
da primeira etapa da pesquisa que avalia o que os pais de
alunos do ensino fundamental pensam sobre o sistema de educação
dos governos federal, estadual e municipal.
A análise foi divulgada ontem pelo Inep (Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais). Segundo Carlos
Henrique Araújo, diretor de Avaliação
da Educação Básica, apesar de o ensino
público "ser visto com bons olhos pela população,
quando se pergunta sobre a qualidade, há pouco registro
de satisfação".
O relatório afirma que os pais consideram que "existe
uma crise da autoridade escolar". A percepção
passa pela incapacidade e pelo desestímulo dos professores,
pela falta de segurança, pela indisciplina e pelo distanciamento
das secretarias de Educação.
"Nessas condições, frustra-se a esperança
de que a escola venha a assumir o papel central no processo
de socialização e de aprendizado de papéis
e normas sociais", diz a pesquisa. De 15 a 17 de dezembro,
o Inep ouviu dez grupos de pais de alunos do ensino fundamental
de classes entre B e E, em Belém, em Recife, em Brasília,
no Rio e em Curitiba.
Insegurança
A pesquisa deu base para um questionário que será
aplicado a 10 mil pais até o fim de fevereiro. A partir
da análise dos debates se traçou uma percepção
sobre o que eles pensam da educação.
A preocupação dos pais em relação
à segurança é evidente em toda a pesquisa.
Para melhorar a situação, os pais propõem
uso de uniformes, a colocação de câmeras
e o policiamento do prédio.
"A pesquisa foi realizada em cinco capitais. Em outras
localidades, a questão da segurança pode não
ser de tanta importância", disse Eliezer Pacheco,
presidente do instituto.
Um dado curioso da pesquisa é a importância dada
à merendeira, pessoa responsável pelas refeições
das crianças, cargo considerado estratégico
pelos pais. Por outro lado, há quase um desconhecimento
das funções dos coordenadores pedagógicos.
A relação de ensino e administração
da escola limita-se à visão do diretor e do
professor.
LUIS RENATO STRAUSS
da Folha de S.Paulo
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