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estudo
18/01/2005
ONU: Se países ricos cumprissem promessa, milhões escapariam da fome

Os números são dramáticos: mais de um bilhão de pessoas no mundo vive com menos de US$ 1 por dia, 11 milhões de crianças morrem a cada ano de doenças que poderiam ter sido perfeitamente evitadas, 840 milhões de pessoas vivem com fome crônica e outro bilhão não tem acesso à água potável. Este é o quadro traçado por 265 especialistas em desenvolvimento no maior estudo já feito sobre a pobreza no mundo: “Investindo no Desenvolvimento”, divulgado ontem na Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.

No documento de três mil páginas, encadernadas em 13 livros, eles concluíram que esta desgraça está longe de ser inexorável: se os países ricos cumprissem a promessa de investir 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em ajuda ao desenvolvimento — percentual acordado em 1970 — mais de 500 milhões de pessoas poderiam sair da miséria e dezenas de milhares escapariam da morte na próxima década. Ações simples, como colocar mosquiteiros na cama de crianças, bastariam para salvar a vida de milhares que vão morrer por causa da malária na África e na Ásia.

"O mundo tem tecnologia e know-how para acabar com a pobreza. Sejamos claros: o sistema não está funcionando direito. Existe uma enorme preocupação com a paz e a guerra, mas uma preocupação muito menor com a pobreza e com os necessitados", disse Jeffrey Sachs, diretor do Instituto da Terra da Universidade de Columbia e diretor do Projeto Milênio da ONU.

Tsunami da fome
O grupo de Sachs foi encarregado em 2002 pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan, de propor ações para que seja alcançado o objetivo de reduzir à metade a pobreza do mundo até 2015, uma das Metas do Milênio estabelecidas em 2000.

"Não é nada utópico, é perfeitamente realizável", disse Annan, informando que vai preparar um relatório para ser apresentado na reunião de chefes de Estado em setembro, quando será feito um balanço das ações de combate à pobreza.

"Não estamos sugerindo que os países dêem um centavo a mais do que já se comprometeram. Não estamos exigindo nenhuma promessa nova. Se for cumprido o combinado, a nossa geração pode acabar com a miséria no mundo", disse Sachs.

Só cinco dos 22 países ricos estão aplicando 0,7% do PIB em ajuda às nações mais pobres: Dinamarca, Luxemburgo, Noruega, Holanda e Suécia. Outros seis — Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Grã-Bretanha e Irlanda — se comprometeram a alcançar esta meta em 2015. Japão, Estados Unidos e Alemanha, para citar apenas alguns, estão longe de investir o prometido. Apesar de serem os mais ricos do mundo, os americanos só investem 0,15% de seu PIB em ajuda aos pobres.

"Os US$ 135 bilhões necessários em 2006 para cumprir os objetivos das Metas do Milênio empalidecem frente aos US$ 30 trilhões movimentados na economia das nações desenvolvidas, sendo US$ 12 trilhões só nos EUA", disse Sachs, argumentando que só deveriam ter assento no Conselho de Segurança da ONU as nações que cumprissem o compromisso de destinar 0,7% do PIB ao combate à pobreza.

Segundo a ONU, os países de renda média, como Brasil, China, Malásia, México e África do Sul, têm condições de acabar sozinhos com seus bolsões de miséria e ainda podem ajudar Ásia e África. Ernesto Zedillo, ex-presidente do México, que também participou da elaboração do estudo, concorda:

"Tanto México quanto Brasil não precisam de uma ajuda considerável dos outros países, porque têm riquezas e estão na fronteira entre os ricos e pobres. Precisam é um comércio internacional mais aberto."

Para Sachs, a tragédia na Ásia do fim do ano passado mostrou que há compaixão no mundo:

"Agora é a hora de os países ricos se mobilizarem contra a tsunami silenciosa que mata milhões: a fome, a pobreza, a falta de acesso à água potável e doenças ligadas à falta de saneamento e educação."

HELENA CELESTINO
Correspondente NOVA YORK
do jornal O Globo

   
 
 
 

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