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inovação
26/09/2006

UFBA marca início de um novo método de ensino superior

Erika Vieira

“Precisamos de uma formação em que o profissional de arquitetura ou engenharia, por exemplo, além de ser um bom profissional também consiga apreciar teatro”, declara o reitor da UFBA (Universidade Federal da Bahia), Naomar Monteiro de Almeida Filho. Em busca dessa formação a universidade será a pioneira no Brasil em reformular a estrutura dos cursos de graduação e o processo de vestibular.

A proposta é de implantar o Bacharelado Interdisciplinar, dando a todos os alunos uma base de três anos voltada para formação geral de cultura universitária, isto é, ensino de estudos clássicos (latim e literatura grega), antropologia, língua portuguesa, língua estrangeira, filosofia, lógica, estética, política, cidadania e outros. Após essa etapa, o estudante escolhe uma profissão e ingressa nas disciplinas específicas.

Com isso, aumenta também a duração. Além dos três anos de bacharel, estende-se em um ou dois anos a mais para os cursos de licenciatura, como letras, pedagogia, história, etc; em três a quatro anos para os de média duração, como enfermagem, farmácia, administração, etc; e de quatro a cinco anos os de longa duração, como medicina, engenharia, direito, etc. Porém, o período que o aluno permanecerá na universidade também depende da eficiência do estudante em conseguir cursar um maior número de disciplinas em menos tempo. “No Brasil temos a formação universitária muito curta. Em outros países um médico não se forma em apenas seis anos”, justifica o reitor.

A nova medida diminuirá a evasão de estudantes no ensino público. Atualmente 1/3 da desistência nas federais acontecem porque o jovem desiste da profissão em que ingressou. O universitário terá mais autonomia e flexibilidade para montar sua grade curricular, assim ocorre menos desinteresse pelas disciplinas.

O Bacharelado Interdisciplinar se baseia no projeto original da UNB (Universidade de Brasília) elaborado, na década de 30, por Anísio Teixeira e tendo como corpo docente: Candido Portinari, Oscar Niemayer, Mário de Andrade, Gilberto Freire, Sergio Buarque de Holanda, Vila Lobos, entre outros. O projeto original foi interrompido, na época da Ditadura Militar, porque o governo iniciou um movimento para fechar, alegando que se tratava de um modelo socialista. Na década de 60 Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro retomaram o projeto, mas com o golpe de 64, ele (Anísio Teixeira) reitor na época, foi exilado. Assim, a proposta de integração foi limada da história brasileira.

Também terá alteração no sistema do vestibular. “O vestibular hoje é inútil para selecionar a capacidade do aluno, só seleciona quem tem memorização. Não seleciona o perfil necessário para cultura universitária, nesse ponto o ENEM se adequa melhor”, explica Naomar Monteiro. A UFBA adotará a nota do ENEM para selecionar os candidatos.

Segundo o próprio reitor, o MEC apóia as mudanças e o presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes) simpatiza com a proposta. Em novembro a UFBA organizará um seminário para debater o assunto com todas federais do Brasil. A UNB e a Federal do Rio Grande do Sul já demonstram interesse em adotar o modelo. Caso o projeto esteja concluído até março do próximo ano, o novo sistema passa a ser implantado em 2008.

Não escolher a profissão em apenas um dia (o do vestibular) é prática há muito tempo nos Estados Unidos e na União Européia. “Se antes de 2010 (data em que a União Européia pretende consolidar a Declaração de Bolonha - documento elaborado em 1999 pelos ministros da educação da Europa definindo a construção do ensino superior da área européia) o Brasil não reformular sua estrutura ficaremos muito atrasados”, analisa Naomar Monteiro. No Brasil acontece semelhante na Universidade Federal do ABC, restringindo-se a uma maneira monotemática.

   
 
 
 

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