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Leia
a repercussão da coluna: Estudantes
nordestinos receberão ajuda para cursar faculdade
Salve
Dimenstein,
Minha
mulher é negra, nasceu e cresceu periferia de
São Paulo (Jardim Comercial), estudou apenas
em colégios públicos e entrou com muito
esforço para o curso de Arquitetura da USP, 5
anos atrás. Ou seja, é uma aberração
estatística. Hoje é formanda e uma boa
aluna.
Sempre
brincamos que ela era 50% da quantidade de negros no
curso (tinha ela e mais um). E a média de entrada
se manteve ou caiu ao longo deste tempo que ela está
lá.
Em
particular, ela se sente humilhada com a cota de negros
do jeito que foi estabelecida no Rio. Ela vive se perguntando
qual foi o critério que usaram para medir quão
burros os negros são, já que na ampla
maioria dos casos dos ingressantes do vestibular, a
nota de aprovação foi lá embaixo.
E também
vive se perguntando como o mercado vai reagir no futuro,
já que, do jeito que está, será
criada uma inversão de valores: os não
negros serão muito mais competitivos que os negros.
Ex.:
se a nota de corte aumentou ainda mais para os não
negros, eles vão ter que se "bater"
ainda mais para entrarem na Universidade. Uma pessoa
de RH vai olhar um sujeito negro, egresso da faculdade
pelo sistema de cotas e outro não negro. Mesmas
notas (se tivesse acesso a isso). Quem ele vai
escolher? Creio que se o cargo for desses que valorizam
a competição acima de qualquer coisa (em
bancos isso é comum), o negro está fora,
já que o outro, desde o princípio foi
submetido a árdua competição.
É
uma coisa muito complicada, ficar cogitando um futuro
do tipo "e se...", mas o sistema de cotas,
realmente é uma pedra no sapato! Não implantar,
é injusto, implantar pode criar ainda mais injustiça!
Até
mais!
Rogério
Prudente
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