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Leia
repercussão da coluna: Bolsa-tráfico,
ótima idéia do governo Lula
Olá
Gilberto,
Admirador
e leitor assíduo de suas colunas, tomo a liberdade
de discordar de seu artigo intitulado "Bolsa-tráfico,
ótima idéia do governo Lula".
A
simples idéia de ajudar jovens e comunidades
carentes para impedi-las de alimentar o tráfico
com mão-de-obra, representa a capitulação
final da sociedade frente ao crime. Ao meu ver, a simples
existência dessa promiscuidade entre uma comunidade
e o crime organizado (como é o caso do tráfico
de entorpecentes) já deveria ser fator proibitivo
na aplicação de qualquer investimento
ou auxílio público.
No
fundo, o que essa idéa de bolsa-tráfico
traduz é uma ameaça implicita dessas comunidades,
como que dizendo: "ou a sociedade nos dá
dinheiro, ou vamos nos juntar ao tráfico"
e a sociedade - fraca, aterrorizada, cai de joelhos
e com as mãos trêmulas entrega o dinheiro.
Desculpe
a dramatização, mas eu não vejo
diferença entre isso e um puro e simples assalto.
Afinal em um assalto, a vítima cede ao criminoso
sob violência ou ameaça de violência,
que é exatamente esse caso - uma ameaça
velada de violência futura.
Não
que eu seja contra a ajuda a comunidades carentes, ao
estímulo ao primeiro emprego dos jovens pobres,
mas isso só pode vir depois que o crime for extirpado
da comunidade. Aí sim, o sucesso de um programa
social passaria a mensagem correta - íntegridade,
trabalho e investimento da sociedade como fórmula
de ascenção social. Do contrário,
cedendo ao medo da violência e do crime, a mensagem
é oposta: o crime compensa - se não na
sua realização efetiva, como ameaça.
Isso
é repetitivo, mas sempre bom lembrar - não
adianta dizer que as pessoas que se involvem direta
ou indiretamente com o tráfico nessas comunidades
pobres, são honestas, mas levadas ao crime pela
miséria ou ignorância. Se assim fosse 100%
dos brasileiros vivendo abaixo da linha de pobreza teriam
cedido ao crime, o que não é verdade nem
de longe - a maioria dessas pessoas trabalha duro, de
sol a sol, para ganhar uns poucos tostões com
os quais mal e mal sustentam sua família. Essas
pessoas sim, que resistiram ao canto da sereia do crime
e do dinheiro fácil, devem ser identificadas
e receber todo o auxílio necessário em
termos de recursos materiais, moradia, educação.
Francisco
Abreu
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