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REFLEXÃO


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18/08/2006 
Violência de escola do Jardim Ângela cai junto com a do bairro

Erika Vieira

Nas proximidades do Jardim Ângela a comunidade imortalizou o trapalhão Zacarias batizando a escola local com o nome do humorista Mauro Faccio Gonçalves Zacarias. Isso aconteceu em 1991, fato que marcou a participação coletiva nas decisões escolares desde a inauguração da instituição.

A instituição se destaca por mobilizar a comunidade sempre que uma decisão tem que ser tomada. Medida que trouxe de volta a paz para dentro da escola. Houve um tempo em que a violência começou se fazer presente no cotidiano da EMEF Zacarias. Conflito entre alunos e direção era comum, chegando a ponto de tentarem incendiar a sala da diretora. Em meio ao caos a coordenadora pedagógica Olgair Gomes Garcia, ex-professora universitária da PUC, decidiu sensibilizar os professores para mudar a situação. ”Nunca tinha tido experiência na rede pública, mas tinha muita vontade. Eu era professora universitária da PUC. Já são 11 anos que trabalho aqui, foi a melhor escolha que fiz”.

Olgair organizou uma avaliação geral e a partir dos problemas levantados pelos educadores muitos projetos começaram a ser implantados. Como os professores se queixavam em não saber lidar com o ciclo no qual os alunos não podem mais ser reprovados, foi elaborado o Projeto de Valorização do Educador, os docentes das escolas próximas também foram convidados a participarem. Consiste em um curso dado por um profissional especializado em educação que discute sobre a progressão continuada, a duração é de março a outubro. A iniciativa acontece desde 1998 e deu tão certo que há dois anos passou a ser financiado pela Secretaria de Educação.

Já o programa Aniversário trata de elevar a auto-estima de toda população escolar. “Na periferia muitas pessoas acabam incorporando a idéia de que não têm valor. È preciso fazer com que elas gostem delas mesmas. A escola também precisa ensinar os alunos a conviver com o outro e se portar nos lugares, como por exemplo, em uma festa. Foi por isso que criamos o Aniversário”, explica Olgair. São organizadas duas festas por semestre para comemorar o aniversário dos integrantes da EMEF. Fotos dos aniversariantes são projetadas em telão. “No dia da festa é uma alegria quando eles vêem a foto projetada. Isso ajuda muito a lidar com os alunos”, diz. Assim todos interagem e passam a se conhecerem pelo nome, tratamento muito prezado pelos alunos.

O espírito trapalhão do Zacarias se faz presente na Semana das Atrapalhadas. Período em que os estudantes podem deixar a sala de aula para se dedicarem a atividades mais descontraídas, como oficinas de entretenimento e educação (oficinas de bijuteria, culinária, arte, reportagem jornalística, etc).

Um parque de recreação foi construído pela comunidade que aos fins de semana utiliza a área e as quadras para se divertirem. No mesmo local plantaram árvores frutíferas e montaram um quiosque que serve para lazer e ainda de espaço para ensinar, os professores administram aulas ao ar livre.

Infra-estrutura limpa e organizada também é fundamental para um bom aprendizado. As instalações foram arrumadas. Os banheiros (local sempre degradado por alunos) passaram por reforma, hoje têm plantas e espelhos. ”Logo que algo quebra é reposto para não deixarmos o clima agradável cair”, fala a coordenadora pedagógica. Com a reforma os professores desenvolveram em sala de aula a questão de que todos têm direito de viver em um local bonito e agradável.

A participação coletiva é a base do sucesso dessa escola municipal, que mesmo com três turnos se esforça para oferecer tratamento digno aos alunos. Essa semana, por exemplo, os pais se reuniram junto com o conselho gestor para decidirem como será gasto a verba destinada pela MEC. A união para gerir o dinheiro já permitiu a EMEF Mauro Faccio Gonçalves Zacarias adquirir equipamentos de multimeios (não muito comuns em escola pública). Atitude que mostra a veracidade do pensamento do poeta: "Sonho que se sonha junto é realidade".

   

 
 
 

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