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14/11/2003
Tietê voltará à vida, mas jamais será a “praia”do paulistano

O rio, morto no trecho da Capital, está sendo despoluído e será navegável, inclusive para barcos de turistas — mas ficará para sempre com cara de canal e jamais poderá sediar provas de nado e remo, como no início do século 20.

Há pouco mais de meio século, as águas do Rio Tietê recebiam famílias inteiras em busca de lazer e eram palco de disputadas competições de remo. Essas imagens jamais se repetirão e permanecerão como memória paulistana apenas nas fotografias antigas. Na mais otimista das visões do futuro, o tradicional rio paulista aparece como um canal reto, cercado por jardins e com suas margens inclinadas (taludes) feitas de cascalho. Por ele trafegarão barcaças de carga e embarcações turísticas.

Visualmente, os 24,5 km do Tietê que cortam a cidade de São Paulo estarão totalmente diferentes já no segundo semestre de 2004. As obras de combate às enchentes do Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee) do estado estão aprofundando o leito do rio em até 2,5 metros e aumentando a distância entre suas margens, em alguns trechos, para 45 metros.

Esse conjunto de obras entregará aos paulistanos um rio com cara de canal. O Tietê esculpido pela natureza durante milhares de anos, com dezenas de curvas numa área de várzea onde naturalmente ocorriam enchentes, ficou para trás, perdido no início do século 20; o Tietê deste século será resultado da metamorfose pela qual o Planalto de Piratininga passa desde 1554.

No rio do futuro, o governo do Estado quer investir no transporte de carga — aliviando o trânsito da cidade — e em passeios turísticos pelo trecho entre a Barragem da Penha, na Zona Leste, e o Cebolão, na Oeste, que delimitam o trecho urbano do Tietê. Esses dois projetos estão em fase preparatória.

E a água? Vai estar limpa? Bem, para essa pergunta, até os técnicos titubeiam ao responder. “São Paulo terá de decidir qual o Tietê que quer ter, para então definir quanto terá de gastar”, afirma o engenheiro do Departamento de Controle e Planejamento do Projeto Tietê da Sabesp, Marcelo Rampone.

O rio que fornecia água para índios e os primeiros portugueses que se atreveram a enfrentar a íngreme Serra do Mar no século 16 morreu, asfixiado pela poluição. Mas até 2020 poderá renascer um novo Tietê. Com peixes, mas sem poder receber atividades de lazer que tenham contato direto com a água, como a natação. “Essa é uma visão bastante otimista do problema que enfrentamos hoje”, diz Rampone.

O esgoto doméstico é a principal causa da poluição do Tietê e de seus afluentes — 70%, de acordo com a Sabesp. O restante é o chamado “material difuso”, que inclui 320 toneladas diárias de todo tipo de lixo jogado nas ruas e córregos e a fuligem lançada na atmosfera.

Para a coordenadora do Núcleo União Pró-Tietê da Fundação SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, “enquanto não tivermos uma política de educação ambiental realmente efetiva, o Tietê jamais ficará limpo”. No primeiro ano das obras de rebaixamento da calha, foram retirados 80 mil pneus do rio. Haveria mais 40 mil. Desde 1992, a Sabesp tem o Projeto Tietê, responsável por ampliar a coleta e o tratamento de esgoto na Grande São Paulo. Até 2005, quando termina a segunda fase, a coleta chegará a 84% (hoje, são 79%) e o tratamento atingirá 70% (hoje, 62%). Rampone afirma ser necessária uma terceira etapa, ao custo de mais US$ 1,5 bilhão para, até 2020, atingir 90% de coleta e tratamento.



Dimas Marques,
do Diário de S.Paulo.

 
 
 

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