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útil e agradável
27/07/2004
Imóveis vazios podem se tornar espaços culturais

Vanessa Sayuri Nakasato

Os imóveis vazios a espera de um dono ou inquilino podem vir a ter nova serventia. Um grupo de moradores da Vila Olímpia, zona sul de São Paulo, pretende transformar casas e prédios desocupados em espaços culturais temporários. A idéia, intitulada como Imobili Arte, é dar utilidade a lugares que não estão sendo usados, mas geram despesas às imobiliárias e seus proprietários.

A idealizadora do projeto, a psicóloga Maria Augusta Pereira, acha um desperdício haver dezenas de imóveis “bonitos, espaçosos e bem iluminados” fechados acumulando pó. Principalmente porque, segundo ela, existem milhares de artistas com currículos e trabalhos maravilhosos que não aparecem por não ter onde expor.

“Já vi artistas plásticos serem premiados no exterior, mas, no Brasil, terem que trabalhar quatro domingos em feirinhas de artes para conseguir vender uma única aquarela e a preço de banana”, indigna-se.

O artista plástico Jorge Henrique Brasílio dos Santos expõe suas aquarelas todos os sábados na Praça dos Omaguás, no bairro de Pinheiros, zona oeste da cidade. Ele conta que, embora seu trabalho seja exposto em uma feira de artes plásticas “privilegiada”, o expositor de praça é sempre mal visto até pelos colegas de profissão. “Se pudéssemos escolher, com certeza estaríamos em outro lugar. No entanto, é muito difícil furar o mercado tradicional e colocar nossos trabalhos em galerias de arte.”

A proposta do Imobili Arte é mudar esse quadro. Com o slogan “Imóvel promove arte e Arte promove imóvel”, o projeto almeja transformar a união de espaço e criatividade em chamarizes de pedestres.

“Geralmente, as pessoas que caminham costumam olhar casas e jardins por onde passam. E não é raro algumas delas entrarem no imóvel quando há algo diferente, até porque é divertido descobrir coisas novas pela cidade enquanto se passeia. Esse é o nosso intuito. Fazer com que a arte convide o paulistano para entrar na casa e vice-versa.”

Conforme o projeto, serão formados grupos de cinco a dez profissionais, entre artistas plásticos, escultores, fotógrafos, joalheiros e pintores. Cada equipe ocupará um imóvel por tempo determinado pela imobiliária, com prazo mínimo de 20 dias e máximo de três meses. Os grupos serão rotativos e terão regras a cumprir, como manter o ambiente limpo, pagar água, luz e doar 10% de sua venda a entidades carentes como pagamento pelo local.

Segundo Maria Augusta, o Imobili Arte é um bom negócio para artistas e empresas imobiliárias. A vantagem para os artistas é a oportunidade de expor seus trabalhos em diversos bairros, aparecer e conquistar novos clientes. Para as imobiliárias é atrelar seus nomes à filantropia e ao incentivo à arte, propaganda com grandes chances de ser bem-sucedida.

No momento, há três grupos formados a espera do aval de alguma das empresas contatadas. Entretanto, pretende-se formar mais de cem equipes com profissionais de todos os pontos da capital paulista. Não há nenhum local concreto para que o projeto seja iniciado ainda. Mas a previsão é que Vila Olímpia seja o primeiro bairro a receber o Imobili Arte.

Jorge Henrique já faz parte de um dos grupos. Ele acredita conseguir projetar suas aquarelas e, quem sabe, chegar mais perto de um de seus sonhos: viver de artes plásticas.

“Se tudo acontecer da maneira que planejamos, em alguns meses, São Paulo se tornará a cidade das vernissages”, torce Maria Augusta.

 
 
 

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