Maior
surpresa na premiação do Jabuti 2000, ocorrida nesta
sexta-feira (28) na abertura da 16ª Bienal Internacional do
Livro de São Paulo, À Sombra do Cipreste,
o escritor gaúcho Menalton Braff, 61, foi escolhido o melhor
livro do ano em ficção.
Mesmo
sem ser um dos finalistas em contos, Braff recebeu o prêmio
mais importante e esperado da solenidade, realizada no Expo Center
Norte, em São Paulo.
Professor
de literatura e ativista político na década de 60,
Braff mora atualmente em Serrana, cidade de 30 mil habitantes, localizada
na região de Ribeirão Preto, no interior do Estado
de São Paulo.
Divulgação
Todas
as semanas, o escritor viaja, acompanhado de sua mulher, também
professora, cerca de 1.500 quilômetros para dar aulas sobre
autores famosos e suas obras em escolas do ensino médio em
sete municípios das regiões norte e nordeste de São
Paulo.
Em
sua carreira, Braff recebeu inúmeros prêmios regionais
de literatura, mas nunca se interessou em publicar sua obra, pelo
menos com seu nome verdadeiro. À Sombra do Cipreste
marca a sua estréia oficial no mercado editorial.
Com
o pseudônimo de Salvador dos Passos, o vencedor do Jabuti
já publicou outros dois títulos e, só agora,
depois de muita insistência, concordou em colocar pela primeira
vez o seu nome em um livro. Parecia nome de autor estrangeiro,
afirmou o autor por meio da assessoria de imprensa da editora Palavra
Mágica, de Ribeirão Preto.
Braff
viveu durante muitos anos entre Taquara, no Rio Grande do Sul, onde
nasceu, e Porto Alegre, onde cresceu, estudou e teve uma forte militância
política de esquerda nos anos 60, quando se mudou para São
Paulo para escapar da perseguição do regime militar.
Ainda
não refeito da surpresa pelo Prêmio Jabuti, que nunca
tinha imaginado receber, disse que foi o melhor susto da vida. Agora,
disse que já pensa em sua próxima obra, um romance,
ainda sem data para ser publicado. Braff compareceu à Bienal
na abertura para acompanhar a divulgação dos vencedores
sem pensar em pegar o prêmio.
Revelação
Para
o editor Galeno Amorim, diretor da Palavra Mágica, Menalton
Braff é uma das melhores revelações da literatura
brasileira nos últimos anos. Mais que um escritor talentoso
e um educador dedicado, Menalton é uma grande figura humana,
disse.
À
Sombra do Cipreste (148 páginas, editora Palavra Mágica,
R$ 20) reúne 17 contos escritos durante os últimos
sete anos. Os personagens podem ser encontrados em qualquer cidade
do interior paulista. As histórias enfocam situações
e circunstâncias do cotidiano.
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