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Preferência européia por grão convencional fez crescer demanda

Produtores ganham com plantio de soja tradicional, mas querem a transgênica

FÁBIO EDUARDO MURAKAWA
DA REPORTAGEM LOCAL
SÉRGIO RIPARDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA


O fato de o Brasil não ter plantado soja transgênica em larga escala rendeu bons resultados à balança de exportações do grão nos últimos cinco anos.
Na opinião dos produtores, porém, haverá espaço no futuro para os plantios geneticamente modificados no país.
Mercado que ainda resiste aos transgênicos, a Europa tem preferido o produto brasileiro ao de seus principais concorrentes, os EUA e a Argentina, onde os plantios alterados são livres.
Entre 95 e 99, o país viu suas vendas de soja em grão para a Europa saltarem de 3 milhões de toneladas para 6,9 milhões de toneladas, segundo a publicação “Oil World”.
No mesmo período, as exportações dos EUA caíram de 8,6 milhões de toneladas para 5,6 milhões de toneladas. Os vizinhos argentinos reduziram seus embarques para a Europa de 1,9 milhão de toneladas para 1,1 milhão de toneladas nos últimos cinco anos.
“Se você olhar esses números, verá que o país tomou justamente o espaço que antes era da Argentina e dos EUA”, afirma Nelson Costa, gerente técnico da Ocepar (Organização das Cooperativas do Estado do Paraná).
Para ele, enquanto houver desconfiança da opinião pública com relação aos transgênicos, o Brasil deve continuar plantando apenas a soja convencional. “Temos de olhar que tipo de produto o nosso cliente quer”, diz Costa.
Há estudos elaborados na Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), órgão vinculado ao Ministério da Agricultura, alertando sobre o impacto econômico negativo dos transgênicos, pelo menos no presente.
“Livre dos transgênicos, o Brasil pode faturar mais com o produto convencional no mercado externo”, diz o analista de soja da Conab, Marco Antônio de Carvalho.
“O Brasil está em uma situação privilegiada, porque existe ainda muito solo para o cultivo de soja, podendo a médio prazo até quebrar a hegemonia americana”, afirma o analista da Conab.
“Enquanto persistir a dúvida sobre a qualidade do transgênico, haverá um mercado promissor para a soja convencional brasileira, que praticamente não terá concorrentes, pois EUA e Argentina estão próximos do limite máximo da área cultivada com transgênicos”, diz Carvalho.
Conhecido como “rei da soja” e tido como o maior produtor do país, Blairo Maggi reafirma a opinião de Nelson Costa, da Ocepar.
“Por uma questão de mercado, foi uma decisão acertada do país ter ficado de fora dos transgênicos até agora”, diz.
Para ele, no entanto, essa postura terá de ser revista em breve.
“Ganhamos mercado, mas não recebemos um centavo a mais por produzirmos a soja convencional. Acredito que se a Europa não passar a pagar um diferencial de preços teremos de começar com os plantios alterados”, diz.
Segundo Maggi, quem fica atualmente com esse diferencial são os importadores europeus, que certificam o grão e o vendem para as indústrias locais.
“Quando começarmos a produzir transgênicos e certificar a nossa soja convencional, eles nos pagarão a mais por isso”, diz.
Na opinião de Costa, haverá espaço para os dois plantios no país. Segundo ele, o setor produtivo está se mobilizando para uma eventual liberação da soja transgênica. As cooperativas, diz, já estão se aparelhando para certificar os grãos convencionais.



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