Drinques clássicos que haviam caído no esquecimento fazem do bar Fel a melhor novidade de SP
MELHOR NOVIDADE (BAR) - JÚRI
Cinquenta e dois anos após receber os primeiros moradores, o Copan passou a abrigar mais um novo habitante. Discreto, o bar Fel chegou para reforçar o time gastronômico que reside no térreo do edifício.
Sem alarde nem placa na porta, a novidade boêmia da vez funciona em baixo volume, com trilha sonora tristonha e, no máximo, 25 clientes. A iluminação direcionada revela apenas partes do exíguo espaço –são 45 m² pontuados por uma robusta pilastra do prédio idealizado por Niemeyer.
Apesar de ter sido escolhida por acaso, a localização condiz com a proposta. Em comum com o Copan, que já passou por tempos de menos hype, os drinques da carta, apesar de clássicos, haviam caído no esquecimento. Fruto da pesquisa de Michelly Rossi (ex-A Casa do Porco e Frank ), a lista reúne 13 coquetéis a serem redescobertos.
Líder de uma equipe só de mulheres, ela mescla doses, gotas e borrifadas (alguns dos bitters alinhados sobre a bancada ficam em sprays). No cítrico Planter's Punch, do fim do século 19, são empregados rum envelhecido, laranja-baía, grenadine e Angostura. Despejadas em taças antiguinhas, as misturas ganham versões como a do equilibrado St. Charles Punch, de 1896, com vinho do Porto.
Autoexplicativa, a carta revela características das receitas, além de, curiosamente, informar a data de criação de cada uma. Clássicos frescos na memória, como negroni e bloody mary, também são feitos com esmero.
Aboletados ao balcão -que, vale alertar, tem traiçoeiras bordas inclinadas-, os clientes enganam a fome com pequenos bocados (não há refeição) enquanto brindam com esquecidos que podem virar favoritos.
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Fel
Av. Ipiranga, 200, lj. 69, República, s/tel.