| Bruno Santos/Folhapress | ||
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| Adriana Morais produz todos os ingredientes usados nos drinques do Frank Bar |
De tudo o que se bebe no Frank Bar, muito é produzido ali, até mesmo a água tônica, evitando-se ao máximo componentes industrializados. Nas coxias do espetáculo de sabores da casa brasileira mais bem colocada entre os cem melhores bares do mundo trabalha Adriana Morais Teodoro.
"Por trás da parte bonita de sacudir a coqueteleira, tem o limpar chão do bar, lavar copo, desenformar gelo e tem a produção", diz Adriana, a única mulher na equipe, responsável pelos ingredientes dos drinques elaborados por Spencer Amereno Júnior.
A libriana de 31 anos toca a chamada produção -jargão para a fabricação de xaropes, sucos, guarnições e tudo o que compõe um drinque além da bebida alcoólica.
No subsolo do hotel Maksoud Plaza, na região da avenida Paulista, Adriana realiza processos como fermentação, desidratação e pasteurização numa espécie de laboratório do professor Pardal. A magia transforma em suco de tomate temperado, caramelo de maçã, coalhada de framboesa e até mesmo num curioso xarope de charuto os paladares pensados pelo premiado bartender Spencer.
Longe do glamour e das luzes baixas do bar, Adriana trabalha numa cozinha industrial branca extremamente iluminada e silenciosa. Foi ali que recebeu a revista para a entrevista, mostrando-nos sua enorme geladeira -maior que muito bar por aí- onde guarda os cerca de 40 itens produzidos por ela para compor os 21 drinques da carta.
| Bruno Santos/Folhapress | ||
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| Adriana prepara a coalhada de framboesa usada no drinque Pure Love |
Ela exibe seus dedos da mão, já sem digitais. "Isso foi pela inconsequência de quando era jovem e cortava sacas e sacas de limão para festa open bar sem luva", conta. Técnica em química, achou melhor ganhar a gastar dinheiro com bebida. Chegou ao renomado bar há cerca de dois anos, como garçonete, e, um ano atrás, assumiu a cozinha-laboratório no lugar de Michelly Rossi, hoje chefe de bar do Fel, no centro.
Sua família não conhece o lugar que atrai amantes da coquetelaria do Brasil todo.
A mãe não gosta de nada que tenha a ver com álcool, o pai acha que ali tem muita frescura, nunca aplaudiram seu trabalho à noite.
"É claro que senti preconceito por ser mulher, só que carrego mais saco de gelo do que muito homem", diz, sobre trabalhar num meio masculino. "Falam que sou brava, arisca. Se na primeira malcriação que escutei eu tivesse ido para cama chorar, você não teria me conhecido", completa a gordinha de cabelo cacheado, como se define, com 14 anos de experiência na área.
A precisão é a marca necessária de seu trabalho, o que garante a uniformidade dos resultados. Para chegar ao ideal de cada um dos ingredientes, Adriana passou dias e noites fazendo testes. "Tem que anotar cada passo, às vezes você começa a fazer, empolga-se, mas depois que acerta tem que conseguir repetir igual." Agora, faz as pesquisas para o próximo menu, que deve ser implantado entre agosto e setembro deste ano.
Ela também é exigente, fica de costas para o balcão quando vai a bares, para não ver erros. "Prefiro tomar uma cerveja a beber um drinque mal equilibrado."
A mãe de um menino de seis anos ri o tempo todo e se diz apaixonada pelo que faz. Tem cursos de bar, mixologia -"aprende-se a desmembrar os sabores"- e agora se prepara para um de confeitaria, que considera próximo de seu dia a dia. "Estou em busca de mais conhecimento e satisfação. Quero olhar no espelho e dizer: 'ah, eu sou foda'."
| Savio Lopes | ||
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| Arte com ingredientes usados por Adriana Morais Teodoro em suas receitas no Frank Bar |
Frank Bar
R. São Carlos do Pinhal, 424, Bela Vista, tel. 3145-8000. 50 lugares. Seg. a qua.: 18h à 1h. Qui. a sáb.: 18h às 2h. Dom.: 18h às 24h.