Se você, bebedor, virasse nome de bar, como iria querer o serviço ali? E se você fosse Frank Sinatra, que fez sua paixão pelo copo ficar tão famosa quanto sua voz e seus olhos azuis? (Ele foi enterrado com uma garrafa de Jack Daniel's, diz a lenda.) Talvez não seja ousadia demais supor que, se voltasse para uma última dose no Frank Bar —que, aliás, ostenta sua assinatura em um luminoso ao fundo—, o cantor se sentiria em casa.
Para Sinatra, há doses de bourbon, uma aura de speakeasy, jazz e rock de qualidade. Mas o Frank é o melhor bar da cidade por mais do que isso. Da carta esmerada —e, bem, sobretudo do copo— se depreende o porquê.
Para compreender melhor, há que se sentar em uma das sete poltronas de couro do balcão. Ali, do outro lado, Spencer Jr. e seus pares expedem coquetéis em ritmo industrial (um a cada 10, 15 minutos, porque "um bom drinque demora para ser produzido", desculpa-se antecipadamente o menu), mas com certo ar de saber artesanal: às gotas, mínimas colheradas, chorinhos no dosador, provas constantes nas costas da mão e até floreios com a coqueteleira e pedras de gelo talhadas na faca. E ali os barmen riem, conversam, entendem, sugerem e agradam a quem compartilha com eles a noite.
Uma gente eclética, que pode misturar casais, parceiros comerciais que falam inglês, sujeitos solitários e amigas adeptas de selfies e de caipirinhas de saquê sem açúcar. Não vá na delas. Escolha um drinque da carta (todos a salgados, mas bem gastos, R$ 33 —sugestão para paladares mais fortes: The Crusher). Atenha-se aos chips de banana e amendoins (a não ser que, para você, hambúrgueres de 100 gramas valham mesmo R$ 25). Beba bem. Você será recompensado, como se o bar fosse mesmo seu.
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Frank Bar. R. São Carlos do Pinhal, 424, tel. 3145-8000.