"Oi, vó. Vou abrir um restaurante e quero servir umas receitas suas", disse Renata Vanzetto, por telefone.
"Pelo amor de Deus, você não pode abrir outro negócio", respondeu Cida, a avó de 95 anos. A preocupação se justifica.
É preciso fôlego para elencar as casas de Renata: Ema, Marakuthai (três endereços, mais bufê), Matilda, MeGusta e Casa Marakuthai.
Não obstante, a chef vislumbrou o Muquifo, bem descontraído, em que vai servir a receita de batata com creme de leite que sua matriarca preparava e que comeu na infância toda.
A casa, que abre em cerca de um mês, era realmente um muquifo (local em que falta ordem, segundo o dicionário).
Ela foi concebida no subsolo de um imóvel alugado para funcionar como cozinha de produção.
"Um muquifo mesmo, que parece aqueles prédios italianos com uma coisa em cima da outra e uma pomba", diz a chef.
Depois de uma reforma, o salão, com 40 lugares, vai manter a atmosfera simples com detalhes estilosos como copo de vidro marrom.
Ali, serão servidas receitas recriadas por Renata com base em suas memórias afetivas, com uma observação escritas no menu: "Meus pais não sabem cozinhar... com a exceção da anchova, aqui não se contra nada com receitas deles. Por isso virei cozinheira. E agradeço a eles infinitamente por isso".
Pode ser um bolinho, que é lembrança da lua de mel em Roma, e também a salada de escarola com molho forte que a tia Rejane preparava nos Natais (rebatizada de salada de mina, ao invés de macho).
Também é exemplo a massa que leva o molho secreto do cunhado –e que ganhou, à revelia dele, alcachofras.
Como homenagem, o logo traz a palavra muquifo escrita pela avó –o que ela não apreciou de imediato, pois não gosta de sua letra.
R. da Consolação, 2.910, subsolo, Jardins