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bairros que mais crescem

'Bibliotecas irmãs' do Tatuapé foram primeiras erguidas na zona leste de SP

Fundadas em 1952, a 53 metros de distância uma da outra, as bibliotecas Cassiano Ricardo e Hans Christian Andersen foram as primeiras erguidas na zona leste de São Paulo. A primeira mirava o público adulto, e a segunda, os leitores mirins.

"A inauguração das bibliotecas facilitou muito a vida dos estudantes de escolas locais que antes precisavam se deslocar até o centro para fazer suas pesquisas na Biblioteca Mario de Andrade", diz Pedro Abarca, 87, morador do Tatuapé desde 1940 e pesquisador da história do bairro.

Com os anos, os recursos destinados aos acervos foram ficando escassos e, em 1999, Abarca e outros moradores do Tatuapé formaram a Sociedade Amigos da Biblioteca Cassiano Ricardo.

"Fazíamos concursos culturais e levantávamos recursos para promover melhorias, como reforma da pintura, instalação de PABX e TV", conta.

Em 2007, os dois espaços foram inseridos no projeto Bibliotecas Temáticas da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

"A escolha das bibliotecas temáticas obedeceu à vocação de cada unidade, que passou a oferecer, além do acervo comum, o específico e uma programação cultural voltada, principalmente, a seu tema", diz Raquel da Silva Oliveira, coordenadora do Sistema Municipal de Bibliotecas.

Os contos de fadas são a marca da Hans Christian Andersen, que homenageia o escritor dinamarquês de histórias infantis do século 19. "O acervo temático e os cursos de contadores de histórias são nossos diferenciais", afirma Elisangela Alves da Silva, coordenadora do espaço.

A área dedicada a contos de fadas tem estantes temáticas, decoradas com bonecos do conto "O Soldadinho de Chumbo", de Andersen.

O acervo tem cerca de 30 mil livros, DVDs, jornais, revistas e gibis. Com 950 metros quadrados de área, a biblioteca recebe, em média, 2.000 pessoas por mês e promove também oficinas de encadernação, para o público adulto, e de literatura para crianças.

Frequentadora do espaço desde que se mudou para o Tatuapé, há 11 anos, a professora de teatro Maria Angélica Gouveia Prioste Xavier, 31, elogia "o ambiente convidativo e o vínculo com a comunidade".

Seus filhos, Clara, 11, e Bento, 2, são frequentadores assíduos. "Na biblioteca, eles podem ler, participar das atividades ou brincar", afirma.

A um minuto de caminhada dali, a Cassiano Ricardo, que leva o nome do poeta e ensaísta paulista morto em 1974, ganhou como tema a música. O Espaço Itamar Assumpção, homenagem ao artista que foi morador da zona leste, reúne livros sobre todos os gêneros de música, partituras, CDs e DVDs. Além disso, são realizadas oficinas de violão, piano, acordeão e bateria. Em média, 1.500 pessoas visitam por mês a unidade.

O espaço também pode ser utilizado para ensaios ou por pessoas que tocam um instrumento e querem praticar, conta João Gilberto Cândido Monteiro, coordenador da unidade. Para isso, basta agendar dia e horário, trazer seu instrumento ou utilizar um dos disponíveis para empréstimo.

Foi em uma dessas iniciativas na Cassiano Ricardo, em 2014, que Diego Balbino, Leo Policastro, Marcello Sorrany, Mauricio Santos e Dani Policastro se encontraram.

"Participávamos de um projeto de orientação de carreira musical chamado Vocacional. Houve um encontro na Cassiano Ricardo e assim nos conhecemos", diz Policastro.

Daí nasceu a banda de pop rock Alameda dos Anjos, e a biblioteca virou ponto de encontro para ensaiar. Em 2015, a banda gravou seu primeiro CD e o segundo está nos planos.

Com área de 2.010 metros quadrados, a biblioteca guarda 53 mil obras. Um dos destaques são os fonogramas cedidos em 2007 pela Discoteca Oneyda Alvarenga, tradicional centro de informação especializado em música que atualmente funciona no Centro Cultural São Paulo, no bairro do Paraíso, na zona sul.

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