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Mercado de Pinheiros se moderniza sem perder raiz caipira

Para quem gosta de comer e arrisca cozinhar aos finais de semana, o mercado municipal é o coração de Pinheiros. Oferece cortes de carnes menos óbvios, boa peixaria e hortifrútis, temperos frescos, vendedores atenciosos e preços razoáveis.

Como o espaço é pequeno, num jogo rápido você se abastece de tudo —verduras, frutas, legumes, ovos, embutidos, defumados, queijos, frutas secas, chás, conservas e bebidas. E encontra itens não muito comuns: favas, farinhas, alheira, cotequino (linguiça de porco), pimenta baniwa, licuri e figada.

Menos rico em ofertas que o Mercado da Lapa e o Mercadão, no centro, o Mercado de Pinheiros vem se modernizando nos últimos anos com a chegada de novos restaurantes. Para quem mora ou trabalha na região, oferece almoço variado, que inclui comida brasileira de raiz, pizza, pastel, feijoada, ceviche, hambúrguer, cafés e cervejas.

A modernização começou em 2012, com festivais de comida de rua, ocupando com barraquinhas e food trucks a área do estacionamento. Virou balada diurna e serviu para muita gente redescobrir o entreposto.

Um dos organizadores desses eventos, o chef Checho Gonzales, instalou em 2014 a sua Comedoria Gonzales, onde serve comida andina, chopp Coruja ou Júpiter e sobremesas como o Três Leches (pão de ló, calda de dois leites e doce de leite por cima), por R$ 12. Entre os destaques de junho estão ostras com vinagrete crocante de licuri, agrião, cebola roxa e vinagre de manga, por R$ 33, e o sanduíche de almôndegas com chorrillana (cebolas, pimentões e azeitonas), por R$ 22.

No ano seguinte, 2015, o Instituto Atá, criado por Alex Atala, fez uma parceria com a prefeitura para organizar e cuidar de quatro boxes com ingredientes de biomas brasileiros: amazônia, mata atlântica, cerrado, caatinga e pampa.
Como parte da mesma iniciativa, o chef Rodrigo Oliveira abriu o Mocotó Café, com um resumo do cardápio do restaurante original. Com mesas no deck do segundo andar, serve baião de dois (R$ 24,90, o pequeno) e dadinho de tapioca (R$16,90, seis unidades).

Os boxes de biomas funcionam como embaixadas regionais. Atraem estrangeiros, estudantes de gastronomia e cozinheiros que têm restaurantes nos arredores e estão à cata de ingredientes especiais, como a polpa de cambuci, o cogumelo ianomâmi desidratado, à disposição no box que une mata atlântica e amazônia, ou os queijos de leite de ovelha e as chimias (geleias) de frutas variadas, no box dos pampas.

"Ver a cultura desses povos se espalhar por regiões urbanas e em uma metrópole como São Paulo e, além disso, ajudar a empoderar esses produtores, é a materialização de um dos maiores objetivos do Instituto Atá", diz Alex Atala.

"O consumidor, seja ele varejista, profissional da gastronomia ou produtor, precisa entender: se você quer um produto de alta qualidade por um bom preço, vá aos mercados municipais", convida.

Os carnívoros se dão muito bem ali. São dois açougues, uma casa de aves, mercearias com todo tipo de embutidos e a charcutaria artesanal Delika, com a sala de cura climatizada no próprio mercado.

A mais recente atração para esse público é a C6, com hambúrgueres prensados ou na parrilla e sanduíches de costelinha e kafta (R$ 22). Para os amantes de peixe e frutos do mar, o Rainha do Mercado serve todos os dias sardinha portuguesa (R$ 29,50) e, às sextas, arroz de polvo (R$ 55).

O mercado é o coração de Pinheiros não só porque movimenta a corrida pela comida mas por ter sido um dos vetores mais importantes do desenvolvimento do bairro.

Ainda não havia a avenida Faria Lima quando se formou, na região do largo de Pinheiros, uma base para o abastecimento agrícola na parte oeste da cidade.

Ponto de chegada de batata e feijão, principalmente, nasceu em agosto de 1910. O Mercado Municipal de Pinheiros ficou conhecido como Mercado dos Caipiras pela grande confluência de pequenos agricultores e trabalhadores rurais —sobretudo nikkeis (japoneses ou descendentes vivendo fora do Japão)— vindos de Cotia, Piedade, Itapecerica da Serra e Carapicuíba.

Na década seguinte, era instalado o depósito da Cooperativa Agrícola de Cotia (CAC), para armazenar a produção que iria ser comercializada no mercado. E aí vieram escritórios contábeis, pensões, comércios de artigos para pesca, agricultura e construção e pequenos restaurantes.

Com a construção da avenida Faria Lima, o prédio antigo do mercado foi demolido. O atual edifício foi inaugurado em 1971.

Mercado Municipal de Pinheiros
rua Pedro Cristi, 89, Pinheiros; de seg. a sáb., das 8h às 18h; mercadomunicipaldepinheiros.com
telefone: (11) 3518-9096

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