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Argentino, técnico do basquete confia em ajudantes brasileiros na busca pelo pódio

Ao fim de cada treino, o argentino Rubén Magnano, técnico da seleção masculina de basquete, costuma reunir todos os jogadores no centro da quadra para uma última conversa. Cansados, alguns olham para o chão, outros para o alto ou para a arquibancada vazia.

Mas há três membros da delegação que ouvem muito atentamente o que o treinador de 61 anos diz. Afinal de contas, eles podem estar ali num futuro próximo.

Um deles é José Neto, 45. O outro é Gustavo de Conti, 36. O terceiro é Demétrius Ferracciú, 43. Eles são os três assistentes técnicos de Magnano na seleção. Em outras palavras, são os profissionais que dão o suporte necessário para o treinador preparar a equipe.

Paulo Whitaker/Reuters
O técnico da seleção de basquete, Rubén Magnano, conversa com os atletas durante treino em São Paulo
O técnico da seleção de basquete, Rubén Magnano, conversa com os atletas durante treino em São Paulo

Além de ajudar na observação do próprio elenco, eles fazem uma análise detalhada dos adversários, desde a parte individual até a técnica, e passam todas as informações para Magnano.

E confiança entre eles não falta. Afinal de contas, o cargo de assistente é desempenhado apenas na seleção. No dia a dia, todos sentem na pele o que é ser treinador.

Neto, por exemplo, é técnico do Flamengo, onde já conquistou quatro títulos do NBB (a principal liga de basquete do Brasil). Dos três assistentes, ele é o que está há mais tempo na seleção –desde 2004. Entrou como assistente técnico de Lula Ferreira e passou pelas categorias de base.

Conciliar a vida no clube com a seleção, para ele, não é algo difícil. Muito pelo contrário.

"Consigo separar bem isso, porque não é uma diferença muito grande. Os elementos são os mesmos. No clube a gente vive situações do dia a dia que podemos trazer para a seleção", disse.

Karime Xavier/Folhapress
Os assistentes técnicos da seleção brasileira de basquete Gustavo de Conti (esq.), Demétrius Ferracciú (centro) e José Neto
Os assistentes técnicos da seleção brasileira de basquete Gustavo de Conti (esq.), Demétrius Ferracciú (centro) e José Neto

De Conti, por sua vez, chegou à seleção em 2009 como treinador da seleção sub-17 e divide as suas tarefas entre o time principal nacional e o Paulistano, equipe que dirige desde 2011/12 e tem em seu currículo um vice (em 2013/14) do NBB.

Ele é considerado um dos grandes nomes da nova geração de técnicos do basquete.

Em 2013/14, ele ganhou o troféu Ary Vidal, prêmio dado ao melhor treinador da temporada do NBB.

Na seleção, ele ressalta que o seu maior aprendizado está em poder disputar jogos internacionais com os melhores jogadores do mundo.

"Nós disputamos amistosos, Mundiais, Olimpíadas... O nível nesses campeonatos é muito alto, a gente acaba tendo uma exigência maior e é aí que você tem um desenvolvimento muito grande como treinador. Aprende-se demais", afirmou.

Já Ferracciú está na seleção desde 2011. Ele já treinou as equipes sub-17, sub-18 e sub-19 da equipe e participou de Sul-Americano, Copa América, Mundial e a Olimpíada de Londres.

Em 2015, assumiu o Bauru. Em sua primeira temporada pelo time, chegou até a decisão do NBB. Só parou no jogo cinco da final contra o Flamengo.

Antes de ser técnico, Ferracciú ganhou muitos títulos como jogador. Foi hexacampeão nacional (três pelo Franca, dois pelo Vasco e um pelo Telemar, do Rio), além de ser tricampeão sul-americano (1993, 1999 e 2003) e bi dos Jogos Pan-Americanos (1999 e 2003) pela seleção.

"A convivência que temos dentro da seleção é um fator muito importante. Estar ao lado do Magnano, que é campeão olímpico, o relacionamento com os jogadores, as conversas, você vai pegando tudo isso. Eu vejo muitas coisas interessantes na maneira como o Gustavo, o Neto e o Rubén trabalham. E isso te coloca em situações que vão ser úteis para você como treinador", disse.

Karime Xavier/Folhapress
Os assistentes técnicos da seleção brasileira de basquete conversam durante treino em São Paulo
Os assistentes técnicos da seleção brasileira de basquete conversam durante treino em São Paulo

Fora de quadra, eles são rivais nos campeonatos disputados pelo Brasil, mas construíram uma grande amizade na seleção. Conversam sobre basquete quase 24 horas por dia.

"É o tempo inteiro [falando sobre basquete]. No almoço, na janta... Temos um pensamento muito parecido. Não só no esporte, mas na própria vida. É uma visão jovem", afirmou De Conti.

Ali, todos têm o mesmo objetivo: ser técnico da seleção brasileira. Mas evitam falar no assunto. Querem focar no presente.

"Se a gente viver bem esse momento, a possibilidade de ter êxito no futuro é grande. Se pensar no que vai acontecer lá na frente, eu deixo de construir as coisas agora", disse Neto.

"Quando você começa uma carreira, você sempre quer chegar à seleção brasileira. É natural. Tem que buscar isso, mas hoje não estamos nessa posição. Só o tempo vai mostrar se você tem condição", afirmou Ferracciú.

O presente é a Olimpíada, que começa oficialmente nesta sexta (5). O primeiro jogo da seleção é contra a Lituânia.

Os três dizem acreditar na possibilidade de ganhar o ouro. Até porque eles não estão ali só para aprender com Magnano. "Nós estamos na seleção brasileira. Sem querer ser arrogante, mas temos que ser os melhores. Estamos aqui para ganhar", disse De Conti.

Brasileiros na Rio-2016

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