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Polícia suspeita de falha mecânica
Brasil Online 1º/11/96 22h30 O delegado Romeu Tuma Júnior, responsável pelo inquérito que apura o acidente, disse nesta sexta-feira (31) que as investigações da polícia paulista estão concentradas na hipótese de que o Fokker 100 da TAM caiu por causa de uma falha mecânica. O Fokker PT-RNK fazia o vôo 402, do Aeroporto de Congonhas com destino ao Rio de Janeiro. Ele caiu às 8h28 de quinta (31), dois minutos após decolar do Aeroporto de Congonhas com destino ao Rio. A concha de uma das turbinas - que funciona como freio aerodinâmico na hora da aterrisagem - teria sido acionada indevidamente e provocado um processo de reversão num dos motores, forçando um movimento oposto à força que a aeronave necessitaria para ganhar altura na hora da decolagem. "Confirmando a causa vamos ver por que ela aconteceu", afirmou o delegado. O presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Luiz Fernando Collares, afirmou nesta sexta que o piloto do Fokker 100 da TAM não teria condições de equilibrar o avião e voltar à pista, se tiver havido problema com a concha da turbina direita. "A baixa altura, um imprevisto como esse é fatal", disse Collares, que é comandante de MD-11 da Varig, mas já voou em equipamentos semelhantes ao que caiu depois de decolar de Congonhas. Tuma Júnior acha que a probabilidade do acidente ter sido provocado por um atentado ou sabotagem é muito remota. Mas, embora insista que nenhuma hipótese será descartada, diz que a polícia vai ouvir mecânicos e técnicos da TAM para saber como funcionava o sistema de manutenção da aeronave. A mais importante testemunha ocular a ser ouvida no inquérito será o mecânico Antônio Bueno, funcionário da Líder Táxi Aéreo. Ele estava numa das pistas do Aeroporto de Congonhas e disse ter estranhado quando viu que uma das conchas da turbina - conhecida também como reverso - se abriu duas ou três vezes no momento da decolagem. A polícia terá 30 dias para concluir o inquérito, que serão acompanhadas por dois promotores designados nesta sexta-feira pelo procurador de Justiça, Luiz Antônio Marrey. As investigações sobre a causa do acidente poderão ser concluídas antes do prazo de três meses previsto pelo Ministério da Aeronáutica. Integrantes do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes (Cenipa) acreditam que em 60 dias os peritos da Aeronáutica em São Paulo já terão encerrado suas investigações. Polícia procura Segundo Tuma, a polícia suspeita que o dono dos quatro quilos de cocaína encontrados junto às ferragens do avião da TAM, era o ex-oficial de justiça Mauro Rodrigues Mattos, de 36 anos, que já havia cumprido pena na Casa de Detenção em São Paulo por tráfico de drogas e morava em Mirassol D‘Oeste, próximo a Cuiabá, no Mato Grosso - uma das rotas cobertas pela TAM. Tuma disse que Mattos era vigiado por policiais paulistas. O delegado disse não ter dúvidas de que a cocaína estava no interior do avião e não numa das casas atingidas ou no interior de um automóvel, conforme chegou a afirmar na quinta-feira João Francisco Amaro Filho, assistente de tráfego da TAM. Mattos embarcou no Aeroporto de Cuiabá, em Várzea Grande. A identificação O secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, José Afonso da Silva, confirmou que 101 corpos de vítimas do acidente com o Fokker-100 da TAM deram entrada no Instituto Médico Legal de São Paulo. No acidente, morreram os 90 passageiros e os seis tripulantes do avião. Cinco pessoas morreram em terra. Dos 101 corpos, 97 haviam chegado ao IML até a noite de quinta. Quatro corpos deram entrada no início da madrugada.
Cinqüenta das vítimas do acidente com o avião da TAM foram identificadas pelo IML. A lista com 35 dos nomes dos identificados foi divulgada no começo da tarde desta sexta. O IML continua o trabalho de indentificação dos corpos. A identificação está sendo dificultada pelo estado dos cadáveres, muitos deles carbonizados. O IML identificou 50 corpos até o começo da tarde desta sexta-feira (1º). Um vídeo, feito pelo IML e divulgado pela TAM, ajudou a identificar três dos corpos. A fita foi exibida aos familiares no Hotel Golden Flat, próximo ao Aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo. Indenizações A TAM afirmou nesta sexta-feira que vai indenizar todas as vítimas que estavam a bordo do Fokker 100 sem que seja necessário qualquer iniciativa legal por parte das famílias. As demais vítimas, que foram mortas fora do avião, deverão entrar em contato com a TAM para que o caso seja encaminhado à Unibanco Seguros. A empresa está disposta a fazer acordo com as pessoas que foram prejudicadas e não estavam na aeronave. Resgate encontra As equipes de resgate isolaram às 13h desta sexta uma área com cerca de 50 metros de raio do local onde caiu o avião Fokker-100 da TAM, no bairro do Jabaquara, zona sul de São Paulo. O trabalho de busca de corpos foi encerrado nesse horário. Foi encontrado um corpo intacto e não carbonizado, supostamente da 102ª vítima do acidente. A princípio, suspeitava-se de que fosse de Laércio Cremasco, pois os bilhete de viagem de Cremasco e seu cartão de crédito estavam junto ao corpo. Ao chegar ao IML, porém, a família não fez a identificação do corpo. Foram encontrados na manhã desta sexta (1) dois pés e um braço junto aos destroços. Os membros estavam sob uma laje e, segundo os bombeiros que trabalham no local, devem ser de uma mesma pessoa. "Não estamos contabilizando essa descoberta como um novo corpo. Ainda deve haver outros pedaços de corpos no meio dos destroços, mas dificilmente encontraremos outro corpo", disse nesta sexta o coronel do Corpo de Bombeiros Leopoldo Augusto Corrêa Filho, que comanda as operações de resgate. As equipes também encontraram uma tartaruga viva que estava atrás de uma parede que desabou. Casas são
A estudante Gisele Cristina Cardoso, 21 anos, moradora da casa em frente ao local onde caiu uma das turbinas do avião, disse que pretende passar a noite desta sexta em sua casa. "Minha casa está uma bagunça. Vários objetos de vizinhos que tiveram suas casas destruídas foram levados para o meu quarto", disse. Gisele afirmou que o telhado de sua casa ficou parcialmente destruído, mas que não há risco de desabamento. Papa João Paulo II O papa João Paulo II enviou telegrama ao cardeal-arcebispo de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns, lamentando o acidente de avião da TAM. No telegrama, o papa afirma estar profundamente consternado pelo trágico acidente aéreo e invoca "misericória divina pelo eterno descanso de todos os envolvidos na tragédia". Com informações de Agência Folha e AJB
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A Polícia
Militar liberou pela manhã a entrada de moradores nas
casas que não tiveram suas estruturas abaladas pela
queda do avião da TAM. Cinco casas que ficam na Rua
Luís Orcini de Castro, que estavam isoladas para
facilitar o trabalho de resgate, foram liberadas aos
moradores.