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REFLEXÃO


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política
16/02/2004

Dirceu ainda tem futuro?

O presidente Lula e seus principais assessores se esforçam para isolar o caso Waldomiro Diniz, tentando impedir que o escândalo afete o coração do Palácio do Planalto - mais especificamente, José Dirceu, uma espécie de primeiro-ministro. Não será fácil, porém, Dirceu escapar ileso.

Não existe aqui uma única prova que o atinja . Não se pode acusá-lo (pelo menos até aqui) de ter participado de alguma delinqüência, nem de ser conivente. O problema é que, vivendo por tanto tempo tão próximo de Waldomiro (aliás, dividindo apartamento), José Dirceu torna-se vulnerável às suspeitas. Pode ser injusto, mas é assim que funciona. O PT, na sua fúria acusatória dos tempos de oposição, sempre jogou, sem constrangimento, esse jogo, transformando meros indícios em provas.

Há uma agravante. Ainda pairam no ar as acusações formalizadas de que Dirceu teria participação na arrecadação de recursos eleitorais em São Paulo. Somam-se, então, bicho e Santo André, num contexto verosimilhante: partidos arrecadando recursos para as eleições são tão clandestinos como as ações de esquerda quando José Dirceu fugia dos militares.

O problema de Dirceu não são as suspeitas apenas. Mas o próprio estilo do PT, que se comprometeu com a ética acima de qualquer coisa. O futuro do ministro vai depender da avaliação sobre se sua permanência vale o custo de manter as suspeitas no coração do Palácio do Planalto. Talvez nada se prove contra ele, mas dificilmente se conseguirão dissipar, justa ou injustamente, a sensação de que, na melhor das hipóteses, o ministro sabia de algo e ficou calado.

   
 
 
 

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