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passeio livre
08/07/2005
Melhora de calçadas provém da mão-de-obra das ruas

Erika Vieira

A prefeitura de São Paulo está integrando a população de albergues na reformulação dos passeios públicos da cidade. Essa iniciativa faz parte do programa Passeio Livre, que tem como meta a uniformização das calçadas com a retirada de obstáculos que atrapalhe a circulação dos pedestres.

As novas calçadas devem obedecer às normas adotadas no Fórum Paulista de Passeio Público. A regulamentação prevê o asfaltamento com ladrilhos, a padronização em 1,20m de largura para as calçadas das ruas de bairros, e de três metros nas grandes avenidas. “A maioria não obedecem a esse padrão”, declara o tecnólogo que acompanha as obras do Passeio Livre, Plautio Barbosa.

“O projeto é bom, é sério e dá oportunidade para sair dessa situação”, diz Douglas Bohm, 30 anos, morador de um albergue em Pinheiros. Ele conta que é a primeira vez que atua na área de construção civil e que pretende usar a experiência como subsidio para realizar a criação de algum projeto que contribua para o nosso quadro social. “Essa oportunidade é um trampolim para eu desenvolver um projeto na área social. Vou usá-la para crescer, mas sem esquecer das pessoas”, fala Douglas, cidadão que já fez parte da classe média paulista, viajou por alguns paises e hoje exerce a profissão de professor de inglês.

Além de Douglas, a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social selecionou 64 moradores de rua com a idade ente 30 e 50 anos, para trabalharem no Passeio Livre. Eles tiveram a capacitação do Senai em um curso que durou quatro dias, sendo um de teoria e os outros três de prática. A Secretaria do Trabalho paga uma bolsa mensal de R$363,45 a cada “calceteiro”, nome dado a esse profissional.

O programa é desenvolvido em conjunto com a Secretaria do Trabalho, Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, Secretaria das Subprefeituras e Secretaria do verde e do Meio Ambiente. Inicialmente está sendo implantado em forma de um projeto piloto na esquina das ruas Cardeal Arcoverde com a Cônego Eugênio Leite. A previsão é de que nos próximos três meses sejam construídas outras calçadas nos bairros da Vila Mariana, Itaim Paulista e Butantã, se alastrando posteriormente para toda São Paulo.

”O trabalho serve para a gente aprender a técnica de serviço. Ninguém sabe fazer nada, mas a gente erra e vai aprendendo”, explica o calceteiro Daniel Davi, 31 anos. “Não conheço esse campo de trabalho, não sei se vai haver um campo de trabalho para nós depois que acabar essa experiência”, fala ele ainda um pouco inseguro com o futuro. Porém não deixa de cultivar esperança: “Hoje eu estou aqui, amanhã posso estar em uma empresa especializada”, conclui.

O calceteiro Erivaldo Soares Bolfim, também acredita na perspectiva de melhora, mas diz ser ruim trabalhar sem carteira registrada, e que ainda não recebeu o bilhete único. Ele conta que depende da colaboração dos motoristas de ônibus para não pagar passagem, pois não tem dinheiro para as duas conduções que precisa tomar até chegar na subprefeitura de pinheiros. Da subprefeitura sai uma Kombi que leva e traz os trabalhadores até o local do serviço.

Outras seleções estão previstas para capacitar mais moradores de rua, cerca de 368 pessoas devem ser selecionadas em um ano. A intenção é que ao término do programa os trabalhadores montem cooperativas para continuarem desenvolvendo a profissão.

 
 
 

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