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criatividade
14/09/2004

Escolas chamam comunidade para redefinir seus espaços

Rodrigo Zavala
Especial para o GD

Quando se entra no "Campão" da EMEI Professora Zilda de Fraceschi, não há como não ficar impressionado. Encravado no coração do bairro Vila Madalena, zona oeste de São Paulo, o pátio escolar ocupa uma área que supera os 1500 metros quadrados. Uma imensidão para as 280 crianças que convivem diariamente no espaço, entre árvores e brinquedos.

No entanto, isso não parece ser suficiente para a direção da escola, que espera mais do seu pátio. "O Campão ainda está muito árido. Queremos deixá-lo mais interativo para as crianças", afirma Marisete Nardone, coordenadora da EMEI.

A solução encontrada foi integrar a comunidade, incluindo assim, as famílias das crianças para que juntos possam encontrar novos usos para o espaço. Além da revitalização estética e verde, existe uma vontade entre os partícipes de criar algo como um clube, um parque, ou mesmo um centro de eventos para a população.

Para isso, a EMEI conta com a participação de um grupo multidisciplinar ligado a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, o Lab Parc, Laboratório de Paisagismo Arte e Cultura, que acompanha as reuniões dos grupos de moradores que se encontram ao sábados entre as árvores do Campão para decidir seu futuro. "É um espaço aberto para a comunidade. Não queremos uma simples reforma da prefeitura, mas um programa participativo e efetivo", lembra Marisete.

E a crença que a convivência das crianças com a comunidade pode turbinar o aprendizado e aproximar a vizinhança se mostra no outro lado da cidade. Quem mora ao lado da Escola Municipal de Ensino Infantil Elis Regina, em São Mateus, zona leste de São Paulo, pode ver tudo o que acontece na instituição. Em vez de muros, a escola conta com grades baixas para que todos vejam o que acontece em seu interior.

"A idéia surgiu quando fomos reformar os muros. Durante a reunião do conselho escolar, formado pelo corpo docente, discente e comunidade, preferimos usar elementos vazados para aproximar a escola dos moradores da região", lembra a diretora Márcia Magdaleno.

Desta forma, em vez de muros altos, a instituição conta com grades coloridas e quem passar pela rua poderá acompanhar todas as atividades lúdicas feitas com as quase 600 crianças matriculadas. "Segue um conceito de que as pessoas podem olhar para e pela escola."

E a participação da comunidade é maciça. Não apenas a escola abre aos fins de semana para atividades culturais para todas as faixas etárias, destaque-se teatro e oficinas de arte (este mês será Candido Portinari), como a condução participativa da instituição foi aberta durante as férias para a recreação das crianças do bairro, sem alternativa de lazer.

A retirada dos muros, claro que não todos, sofreu alguma resistência no início. "Alguns pais achavam que a escola estaria desprotegida e que, como fica próximo da Av. Sapopemba, seria alvo de vandalismo. Mas a prática provou o contrário. O zelo da comunidade transformou a escola. Nem parece uma escola da região."

Outro trabalho feito em parceria é o dos Conselheiros escolares. São oito pessoas capacitadas para trabalhar com os alunos, principalmente se sofrem com problemas de drogadição de seus pais. "É feito todo um acompanhamento dessas crianças, levando em consideração o contexto familiar. Além disso, esses profissionais dão suporte aos educadores sobre como podem lidar com a situação".

"Sempre pensamos nas demandas da comunidade. Afinal, aqui eles estão excluídos de muitas coisas", conclui Márcia.

 
 
 

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