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cidadania
23/08/2004

Consumidor consciente encontra comércio solidário na internet

Você é uma pessoa que compra apenas o que precisa? Sem se encantar por belas embalagens, ofertas e propagandas de novidades? Pois bem, esse é o perfil de um consumidor consciente. Ele evita o desperdício em todos os sentidos – da peça de roupa que só é usada uma vez e fica no armário até o alimento que estraga por não ser consumido no prazo de validade.

No que se refere aos alimentos, o consumo consciente é mais importante do que em qualquer outra área. No Brasil, 70 mil toneladas de comida são jogadas fora todos os dias, de acordo com o estudo A Nutrição e o Consumo Consciente, do Instituto Akatu. O instituto é uma organização não governamental (ONG) que atua na formação de consumidores conscientes.

O Movimento Cuide, lançado em 2004 pelo Akatu, pretende mostrar que o ato do consumo pode ser um ato de cidadania. A campanha dissemina informações sobre os impactos ambientais e sociais dos atos de consumo e tem como símbolo uma sacola confeccionada por artesãos da Paraíba utilizando algodão naturalmente colorido, produzido por cooperativas de agricultores da região.

Esta preocupação sobre quem são os produtores também deve estar presente. O mundo ideal de consumo tem, além do consumidor consciente, um comércio solidário, que prevê relações mais justas entre consumidores, comerciantes e produtores. Estas relações garantem que as condições de trabalho sejam seguras, com salários justos, e que a produção seja baseada em práticas de desenvolvimento sustentável e preservação do meio ambiente.

Nos últimos anos, os consumidores passaram a ver as empresas como agentes sociais com responsabilidades maiores do que a geração de empregos e o pagamento de impostos. O consumidor consciente cobra o bem-estar social e valoriza selos que identifiquem empresas atentas aos direitos da criança ou ao meio ambiente, por exemplo.

Onde encontrar
Para contribuir para a geração de renda de instituições do terceiro setor, o consumidor consciente e solidário não precisa mais sair de casa. Sites na internet promovem a venda de produtos de várias entidades ao mesmo tempo. No Social Web (www.socialweb.com.br) são vendidos produtos de oito entidades, como a Associação para Desenvolvimento, Educação e Recuperação do Excepcional (ADERE) e o Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (GRAAC).

“A expectativa é chegar até o final do ano com pelo menos dez ONGs parceiras e aumentar ainda mais o número de produtos oferecidos”, programa Alexandre Moraes, o administrador do site. Ele observa que, hoje, os produtos mais vendidos são camisetas que são feitas a partir de garrafas PET recicladas e custam R$ 10.

Lançado em novembro de 2002, o Shopping Cidadão também é um portal da internet em que são vendidos produtos criados e desenvolvidos por instituições sociais. Seu objetivo é contribuir para a auto-sustentabilidade das organizações sociais e a divulgação da filosofia e do trabalho realizado no terceiro setor.

“Eu observei que muitas instituições levavam seus produtos para congressos, feiras, exposições e outros eventos, na tentativa de arrecadar recursos e divulgar o trabalho da instituição. Então, pensei em criar um espaço onde esses produtos pudessem ser vistos e adquiridos durante todo o ano. Assim nasceu o Shopping Cidadão”, conta Mário Gurjão, autor do projeto.

A iniciativa está cadastrada no Banco de Tecnologias Sociais da Fundação Banco do Brasil e começou a ser desenvolvida em 2000, quando participou do Prêmio Empreendedor Social, promovido pela Ashoka Empreendedores Sociais. Na ocasião, a tecnologia recebeu menção honrosa de idéia inovadora.

Por sua capacidade de mobilização de recursos para instituições do terceiro setor, a tecnologia do Shopping Cidadão foi considerada uma das melhores idéias no mundo pelo programa Iniciativas de Base para a Cidadania, também da Ashoka, em Washington, nos Estados Unidos.

“Uma das características que fazem do Shopping Cidadão um projeto inovador é ter exatamente o mesmo conceito de um shopping tradicional: você pode ter diferentes experiências de compras, escolher, passar de uma loja a outra”, argumenta Gurjão, lembrando que, sem um projeto como este, se uma pessoa quiser ajudar a várias instituições, terá que entrar e sair de vários sites.

O Shopping tem parceiros como o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Ceará (SEBRAE-CE) e a Ashoka. Entretanto, Gurjão observa que esses apoios não são suficientes para o projeto alcançar sua auto-sustentabilidade. “O Shopping precisa de parceiros públicos, privados e do apoio da sociedade civil para não morrer por falta de recursos”, apela.

De forma indireta, o Shopping Cidadão se tornou um instrumento de geração de trabalho e renda nas regiões onde atuam as instituições sociais que comercializam seus produtos no site. Atualmente, 17 entidades vendem por meio do portal www.shoppingcidadao.com.br. Entre elas estão a Associação Caatinga, o Instituto de Prevenção à Desnutrição e à Excepcionalidade (IPREDE), o Lar Torres de Melo e o Grupo de Apoio à Prevenção à Aids do Ceará (GAPA-CE).

O Shopping Cidadão é administrado pela Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) Grupo de Apoio ao Investimento Social (GAIS), que também tem arcado com os custos administrativos. No final deste ano, o GAIS irá divulgar um balanço com os resultados das vendas do shopping virtual. “O objetivo do projeto é participar com cerca de 15% do custeio de entidades de pequeno porte, mas ainda não é possível aferir esta contribuição”, explica Gurjão.

Nos dois shoppings virtuais são vendidos produtos como bonecos de pano, camisetas, toalhas, caminhos de mesa, redes, bijuterias, artesanato, bolsas, cestos de vime, brinquedos e material de papelaria. Os produtos são entregues em todo o Brasil, pelos Correios, e não existe quantidade mínima para a compra.

Alexandre Moraes, do Social Web, observa ainda que o impacto do trabalho para as ONGs não está só no aspecto financeiro: “Um jovem que vive em situação de risco social ou um índio tupinambá, por exemplo, podem ver seu trabalho à venda na internet. Isso os motiva.”

As informações são da Fundação Banco do Brasil.

 
 
 

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