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Dia 13.12.00

 

 

Negras ganham até 55% menos do que brancos

As mulheres negras são o grupo mais discriminado quanto aos salários pagos no Brasil, revelou estudo do Instituo de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Para ganhar o mesmo que um homem branco da mesma idade e nível de escolaridade, elas teriam que receber aumentos de até 55%.

A defasagem salarial também atinge as mulheres brancas, que ganham 35% menos que os homens. O estudo mostrou uma suavização na diferença salarial entre os sexos: em 1987, ela era de 71% para as mulheres negras e de 46% para as brancas.

Na média, os negros recebem 22% a menos que os brancos, mas o estudo mostrou que a discriminação salarial aumenta quanto mais alta for a posição social do trabalhador negro.

(Valor)

 

 

 

 
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Negras chegam a ganhar 55% menos

As mulheres negras formam o grupo mais discriminado quanto aos salários pagos no mercado de trabalho brasileiro. Com um hipotético fim da discriminação salarial, elas teriam ganhos de até 55%, chegando ao nível dos rendimentos recebidos pelos homens brancos com a mesma idade e nível de escolaridade. Nessa escala de prejuízos salariais motivados pelo sexo e cor dos trabalhadores, depois das mulheres negras vêm as brancas, seguidas pelos homens negros. A diferença salarial delas é de 35%, e deles é de 22%.

Essas são algumas conclusões de um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que tentou isolar os efeitos, nos salários, do preconceito puro e simples. O trabalho, feito por Sergei Soares, da Diretoria de Estudos Sociais do Ipea, demonstra o efeito perverso da discriminação a trabalhadores que fogem do padrão do homem branco, em especial às mulheres negras. "É um preço muito alto a pagar pela cor da pele e a posse de um útero", chega a dizer Soares no texto.

O estudo, entretanto, revela uma suavização do preconceito salarial para as mulheres ao longo dos últimos anos. Em 1987, ano em que o IBGE começou a perguntar a cor dos trabalhadores na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), a diferença salarial motivada pela discriminação era de 71% para as mulheres negras e de 46% para as brancas. As negras sofrem reduções nos salários por uma conjunção de fatores: a discriminação racial, a dificuldade na inserção no mercado de trabalho e a baixa qualificação.

Por tudo isso, de acordo com os dados da PNAD, a média salarial do grupo para 40 horas de trabalho era de R$ 289,22 mensais em setembro de 1998. Isso corresponde a 39,8% dos rendimentos médios do grupo padrão - os homens brancos, que ganhavam R$ 726,89. "As mulheres negras arcam com todo o ônus da discriminação de cor e de gênero e ainda mais um pouco, sofrendo a discriminação setorial- regional-ocupacional mais que os homens da mesma cor. Sua situação dispensa comentários".

Mantido o atual ritmo de redução do preconceito às mulheres brancas, Soares projeta o fim da discriminação salarial contra o grupo em 30 anos. Atualmente, a renda média das brancas é de R$ 572,89, correspondente a 78,8% dos salários recebidos pelos homens brancos. "A minha interpretação do perfil da discriminação contra as mulheres é que existe um acordo tácito no mercado de trabalho de que elas, mesmo exercendo tanto quanto os homens atividades que exigem qualificação, precisam ou merecem ganhar menos", diz.

A diferença salarial dos homens negros vem se mostrando estável ao longo dos anos, o que mostra a manutenção dos mesmos níveis de preconceito desde pelo menos meados da década passada. Na média, os rendimentos do grupo são de R$ 337,13, ou 46,4% da renda dos homens brancos. Um fato curioso percebido pelo estudo é a progressividade da discriminação ao negro em relação à renda. Quanto mais bem posicionado está o trabalhador negro na escala social, maior a discriminação salarial em comparação com o branco.

Os homens negros mais pobres teriam menos a ganhar com o fim do preconceito, enquanto as vantagens dos mais ricos seriam maiores. Os rendimentos dos mais pobres subiriam entre 5% e 7%, e os dos mais ricos, em torno de 27%. "É evidência, para a tese, que a sociedade não aceita que negros ocupem posições favoráveis na estrutura de rendimentos e que quanto mais os negros avançam, mais são discriminados", diz Soares. "Se o negro ficar no lugar a ele alocado, sofre pouca discriminação."

A discriminação contra o homem negro é pesadamente sentida nos anos de formação escolar. Além disso, eles perdem algo em torno de 10% dos salários por trabalharem, muitas vezes, em setores "inferiores" ao dos homens brancos, principalmente em empregos "manuais", avalia Soares. As mulheres brancas sofrem apenas na etapa de definição dos salários - hoje, elas já têm um bom nível de aceitação no mercado.

O autor defende a adoção, pelo governo, de políticas compensatórias para reduzir as desvantagens dos negros. A proposta é de algo semelhante à "ação afirmativa" adotada pelo governo americano, que estipula cotas para negros nas vagas escolares, universitárias e aos postos de trabalho. Essa política sofreu resistência nos Estados Unidos por ser considerada um preconceito às avessas, beneficiando, às vezes, a cor e o sexo das pessoas em detrimento de seus méritos.

(Valor)

 

 
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