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Dia 28.05.02

 

 

Pesquisas comparam economia atual à década perdida

Os últimos dados divulgados pela Fundação Seade e pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostram que o Brasil passa pela mesma situação econômica da década perdida, os malfadados anos 80 - pelo menos no mercado de trabalho. Enquanto a economia patina, com o pífio crescimento de 2% ao ano, a taxa de desemprego chega a números recordes em São Paulo. No mês passado, o desemprego avançou para 20,4% da população economicamente ativa (PEA), ante os 19,9% registrados em março. É a maior marca desde 1985.

A renda média insistiu na trajetória de queda. O rendimento médio dos ocupados na Grande São Paulo diminuiu 2,8% em março em relação ao mês anterior. No acumulado anual, a renda média dos ocupados caiu 11,2% e dos assalariados 8,7%. Já o salário médio apresentou retração de 2%. Com este comportamento, o rendimento dos ocupados passou a R$ 807 e o dos assalariados, a R$ 860. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a queda dos rendimentos é resultado direto do aumento da população desempregada do país. Isso porque, no mesmo período, identificou-se crescimento ainda maior da população economicamente ativa e da taxa de desocupação do país. Com isso, afirmam economistas, a tendência é que os rendimentos continuem a cair no curto e médio prazos.

O recrudescimento do desemprego nos últimos quatro anos deverá deixar sequelas para o próximo governo, segundo especialistas, mesmo que a futura política econômica seja comprometida com o crescimento econômico, a geração de empregos e a distribuição de renda. As condições macroeconômicas atuais indicam a necessidade mínima de quatro anos para reverter o atual processo de desvalorização da renda do trabalhador. Somente após esse período seria possível ampliar o número de trabalhadores ocupados no país e gerar um número de vagas capaz de absorver o contingente anual de novos trabalhadores incorporados à população economicamente ativa - as precondições para a valorização da renda do trabalho.

Leia mais
- Em nível recorde, desemprego chega a 20,4 % em SP

Leia também:
- Renda tem a maior queda trimestral dos anos FHC
- Em metade dos lares de São Paulo há pelo menos um desempregado
- Só educação não reduz desigualdade

 

 
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Renda tem a maior queda trimestral dos anos FHC

O rendimento dos trabalhadores brasileiros teve, no primeiro trimestre deste ano, a maior queda desde o início do Plano Real. Dados da PME (Pesquisa Mensal de Emprego) do IBGE indicam redução de 5,7% da renda do total de pessoas ocupadas entre janeiro e março deste ano. O percentual é maior do que o pior resultado registrado até 1999, quando houve queda de 4,8%.

O recrudescimento do desemprego nos últimos quatro anos deverá deixar sequelas para o próximo governo, segundo especialistas, mesmo que a futura política econômica seja comprometida com o crescimento econômico, a geração de empregos e a distribuição de renda.

Economista do Departamento de Estudos Sindicais da Unicamp (Universidade de Campinas), Antônio Luís dos Santos afirma que as condições macroeconômicas atuais indicam a necessidade mínima de quatro anos para reverter o atual processo de desvalorização da renda do trabalhador.

Somente após esse período, segundo Santos, seria possível ampliar o número de trabalhadores ocupados no país e gerar um número de vagas capaz de absorver o contingente anual de novos trabalhadores incorporados à população economicamente ativa -as precondições para a valorização da renda do trabalho.

Segundo o IBGE, a queda dos rendimentos é resultado direto do aumento da população desempregada do país. Embora tenha sido verificado, entre abril de 2001 e abril deste ano, crescimento de 1,8% na taxa de ocupação, o aumento tem sido insuficiente para reduzir os índices de desemprego.

Isso porque, no mesmo período, identificou-se crescimento ainda maior da população economicamente ativa e da taxa de desocupação do país. Com isso, afirmam economistas, a tendência é que os rendimentos continuem a cair no curto e médio prazos.

"Com tanta gente desempregada, a tendência é que os empregadores demitam para recontratar, depois, alguém que exerça as mesmas funções do demitido por um salário menor. Essa tem sido uma tendência do mercado de trabalho em geral", diz Santos.

A economista Shyrlene Ramos de Souza, do Departamento de Emprego e Renda do IBGE, acredita, no entanto, ser possível reverter o atual processo de queda dos rendimentos do trabalhador.

Para ela, qualquer movimento em favor do crescimento econômico já deverá se refletir na melhoria do emprego e, consequentemente, da renda do trabalhador.

Já o economista da Unicamp afirma que há necessidade de uma taxa de crescimento anual de 4% para pelo menos diminuir a tendência de queda da renda do brasileiro.

No entanto dadas as atuais restrições ao crescimento (como a alta taxa de juros e os déficits da balança de conta corrente e da balança comercial), Santos acredita que somente após quatro anos será possível voltar aos níveis de meados da década de 90.

Menos pessimista, o professor da USP José Paulo Chahad identifica no aumento das exportações a precondição para a reversão da queda dos rendimentos do trabalhador brasileiro. "As exportações movimentam toda uma cadeia produtiva geradora de empregos", afirmou.

(Folha de S. Paulo)

 

 
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Só educação não reduz desigualdade

O progresso educacional do Brasil têm sido muito lento em comparação com outros países e inclusive com relação a vizinhos pobres da América Latina. Por isso, o país não pode esperar pela educação para reduzir a extrema desigualdade que hoje faz com que 10% da população detenha 50% da renda no Brasil. Essa foi a tese defendida, ontem, pelo professor Naércio Aquino Menezes-Filho, da Universidade de São Paulo (USP).

Menezes-Filho sustenta a avaliação de que - ainda que a educação explique 50% da desigualdade da renda no país - o Brasil precisa de medidas alternativas para reduzir a extrema disparidade entre ricos e pobres na economia brasileira e também precisa acelerar a escolaridade da população. No ritmo em que a escolaridade média da população brasileira vem evoluindo, a educação só ajudaria a reduzir a desigualdade a partir de 2027, avaliou Menezes-Filho, em seminário organizado pelo Instituto Futuro Brasil (IFB) com apoio do Valor.

Menezes-Filho mostrou que a geração nascida no Brasil em 1930 alcançou, em média, três anos de estudo. Quem nasceu em 1970, tem hoje 6,5 anos de estudo. Até El Salvador teve um desempenho melhor que o brasileiro. A geração que nasceu em 1930 naquele país passou, em média, apenas dois anos na escola. Quem nasceu em 1970, alcançou uma escolaridade média de 7 anos, superior, portanto, a do Brasil.

Para o professor da USP, os dois principais problemas educacionais do país são manter jovens pobres na escola e aumentar o ingresso de pessoas no ensino superior. "Mas se 40% da população ganha menos que dois salários-mínimos, como pagar uma faculdade privada?", questionou Menezes-Filho.

No debate provocado pela exposição de Menezes, duas posições mostraram-se antagônicas. De um lado, o deputado federal Aloizio Mercadante (PT-SP). Do outro, José Márcio Camargo, professor da PUC-RJ e Cláudio Haddad, presidente do IFB e do Ibmec Educacional. A principal divergência foi com relação ao futuro do ensino superior público. Todos concordaram que programas do tipo bolsa-escola estão entre os melhores instrumentos para garantir o acesso e a permanência da população infantil carente na escola.

Camargo defendeu enfaticamente que "o governo deve usar todo dinheiro da educação para manter crianças pobres na escola". O alvo, disse, é o ensino básico. "O país não tem dinheiro para investir na educação dos adultos. É cruel, mas é assim. Devemos esquecer ensino público de nível superior", defendeu.

Para Mercadante, o Brasil precisa aumentar os gastos nos programas de bolsa-escola e também "manter políticas públicas que garantam o acesso da população mais pobre à universidade". Uma grande maioria dos jovens que trabalha, argumentou, não possui renda suficiente pagar uma faculdade.

Haddad reforçou a tese de camargo. Para ele, o ensino superior gratuito precisa acabar. Ele defende um mecanismo eficiente de financiamento da educação de nível superior. "Mas o programa não pode ser igual ao do passado, quando o nível de inadimplência chegou a 70%", disse ele. "O financiamento precisa ser um programa sério, com nome no SPC de quem não pagar", argumentou.

Mercadante defendeu um aumento das vagas de ensino superior e mostrou que o acesso da população mais pobre à universidade diminuiu nos anos 90. Em 1990, disse ele, 8,5% das vagas no ensino superior eram ocupadas por alunos oriundos da parcela 50% mais pobre da população. "Hoje, esse percentual caiu para 6,9%, enquanto 48% das vagas são ocupadas pelos 10% mais ricos", lembrou o deputado petista.

Os números apresentados por Menezes-Filho mostram que os trabalhadores com ensino fundamental completo ganham em média três vezes mais que os analfabetos. E àqueles com superior completo (15 a 16 anos de estudo) apresentam um rendimento salarial médio 12 vezes superior àqueles sem escolaridade.

Esses diferenciais, contudo, diminuíram entre 1977 e 1997. "A diferença salarial entre os mais e os menos educados está se reduzindo", explicou. Segundo ele, em 1977, um ano de estudo permitia, em média, um diferencial de salário de 17%. Em 1997 esse ganho caiu para 14%.

Haddad mostrou que o Brasil gasta 6% do PIB em educação (incluindo gastos familiares e do setor público). É muito próximo ao gasto médio de 6,5% do PIB dos países da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O gasto per capita, contudo, é de US$ 350 no Brasil e de US$ 1,4 mil nos países da OCDE.

(Valor Econômico)

 

 
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