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Semana de 01.10.01 a 07.10.01

 

Crise norte-americana atinge em cheio economia brasileira

A economia brasileira será atingida por um verdadeiro ''arrastão'' de desemprego e desaquecimento de várias atividades nos próximos meses. A razão é a crise internacional acentuada pelos atentados terroristas nos Estados Unidos.
Economistas, dirigentes empresariais e sindicalistas acreditam que os cortes e anúncios de férias coletivas que estão sendo feitos em fábricas, montadoras e no setor de serviços - como nas companhias aéreas e de telefonia - prometem chegar, em breve, a fornecedores, comércio e em diferentes pontos da economia.

''O desemprego vai crescer primeiro no setor industrial e nos serviços diretamente atingidos pelo impacto dos atentados. Mas depois chegará ao resto da economia'', prevê o economista Márcio Pochmann, da Universidade de Campinas e secretário municipal de Trabalho de São Paulo. Os índices de desemprego ainda não registraram as primeiras conseqüências da crise deflagrada pelos atentados. Mas a expectativa é de que, a partir deste mês, o efeito começará a ser sentido. ''Não tem jeito. O desemprego irá crescer. O quanto é que é difícil especular'', prevê Márcio Pochman, especialista na área de trabalho e renda da Unicamp.

Os sindicalistas terão que lutar não só para conseguir reposição salarial, mas, principalmente, para tentar manter postos de trabalho. A economia brasileira, que já estava desacelerada nos últimos meses, deve chegar ao fim do ano em clima de recessão. A previsão da maioria das consultorias econômicas é que, na melhor das hipóteses, o Produto Interno Bruto (PIB) - que é a soma de todos as riquezas do país - crescerá este ano em torno de 2%. ''Isso é muito pouco se levarmos em consideração que a população brasileira cresce em torno de 2% ao ano. É como se estivéssemos patinando'', explica o economista Lauro Faria.

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Onda de desemprego vai se alastrar

A economia brasileira será atingida por um verdadeiro ''arrastão'' de desemprego e desaquecimento de várias atividades nos próximos meses por conta das demissões que foram anunciadas nas últimas semanas diante da crise internacional, acentuada pelos atentados terroristas nos Estados Unidos.
Economistas, dirigentes empresariais e sindicalistas acreditam que os cortes e anúncios de férias coletivas que estão sendo feitos em fábricas, montadoras e no setor de serviços - como nas companhias aéreas e de telefonia - prometem chegar, em breve, a fornecedores, comércio e em diferentes pontos da economia.

Hoje, funcionários da Embraer fazem uma manifestação na porta da fábrica de aviões, em São José dos Campos (SP), para protestar contra as 1.800 demissões que foram anunciadas pela diretoria na última sexta-feira. Os sindicalistas farão piquetes na entrada da Embraer para impedir a entrada de funcionários.

No fim de semana, representantes da empresa e sindicalistas se reuniram, quando foi apresentada a proposta de redução da jornada de trabalho, na tentativa de poupar cortes de pessoal, mas não houve acordo. ''Percebemos que a empresa quer mesmo é fazer uma reestruturação. A crise internacional existe, mas parece que há um certo exagero na dimensão das conseqüências. Vamos pagar essa conta'', lamentou o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Edemir Marcolino Silva.

Procurada pelo Jornal do Brasil, a direção da Embraer não quis falar sobre o assunto. A assessoria de imprensa da empresa informou apenas que a lista de demissões sairá hoje à tarde e que as justificativas para o ajuste já foram explicadas na sexta-feira.

Em entrevista coletiva, a Embraer havia anunciado que, diante do novo cenário, não é possível manter o quadro de 12,3 mil funcionários. Segundo o presidente da companhia, Maurício Botelho, houve reprogramação na entrega de aeronaves por conta da crise desencadeada pelos ataques nos EUA. ''Este ano serão entregues 160 aviões, contra previsão anterior de 185. No próximo ano as entregas vão cair de 220 para 135'', anunciou.

Comerciantes de São José dos Campos, o segundo maior município arrecadador de ICMS em São Paulo (perde apenas para a capital), com 500 mil habitantes, estão preocupados com as conseqüências dos cortes. ''A crise começou nas indústrias e vai se alastrar como rastilho de pólvora por toda a cadeia produtiva'', prevê o presidente da Associação Comercial de São José dos Campos, Paulo Saes.

Ele calcula que, com as demissões, cerca de R$ 15 milhões deixarão de circular na região em contas-salário. ''É uma perda muito significativa'', frisa Saes. O dirigente comercial diz que o número de cheques sem fundos já vinha aumentando e que o Dia das Crianças, na próxima semana, promete ser o melhor termômetro da crise.

São José dos Campos também foi afetada pelas férias coletivas para 4 mil funcionários da General Motors e pelas demissões de 900 empregados da Ericsson, que se mudou para Sorocaba (SP). Outras montadoras, como a Fiat e a Volkswagen, também anunciaram férias coletivas, totalizando cerca de 13 mil metalúrgicos parados.

O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos prevê que nos próximos dias alguns fornecedores da Embraer, como a Aeroservice e a Resintec, começarão a dispensar funcionários. ''Infelizmente, isso vai ser feito dominó quando cai, um em cima do outro'', compara Marcolino da Silva, o diretor do Sindicato, que estima demissões em torno de 1.500 empregados nos fornecedores e no comércio local.

A crise também chegou ao setor de serviços. A Varig anunciou 1.700 dispensas há duas semanas, na Embratel foram 630 demitidos, além de 300 na Telemar e 250 na Brasil Telecom. A Varig justificou, durante o anúncio dos cortes, que o setor de aviação como um todo está atravessando fortes turbulências, não só no Brasil como também no mundo.

O governo americano já anunciou um pacote de ajuda às empresas aéreas do país no valor de US$ 15 bilhões e a estimativa é de que um megapacote para reerguer outros setores da economia dos EUA pode chegar a US$ 100 bilhões. No Brasil, possibilidade similar de ajuda para alguns segmentos já vem sendo discutida por empresários e economistas. Na semana passada, o governo anunciou que irá ajudar empresas aéreas que tiveram problemas com o forte aumento dos custos nos seguros de aviões após os atentados.

''O desemprego vai crescer primeiro no setor industrial e nos serviços diretamente atingidos pelo impacto dos atentados. Mas depois chegará ao resto da economia'', prevê o economista Márcio Pochmann, da Universidade de Campinas, e secretário municipal de Trabalho de São Paulo.

O vice-presidente da Associação Nacional de Executivos Financeiros (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, prevê que os sindicalistas agora terão que lutar não só para conseguir reposição salarial, mas, principalmente, para tentar manter postos de trabalho. ''Essa deverá ser a prioridade número um'', prevê Oliveira. Por enquanto, os índices oficiais de desemprego divulgados ainda não refletiram o impacto da crise, por serem anteriores aos atentados.

(Jornal do Brasil)

 
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Índices defasados

Os índices de desemprego ainda não registraram as primeiras conseqüências da crise deflagrada pelos atentados. No entanto, a expectativa de economistas é de que, a partir deste mês, o efeito começará a ser sentido. ''Não tem jeito. O desemprego irá crescer. O quanto é que é difícil especular'', prevê Márcio Pochman, especialista na área de trabalho e renda da Unicamp e secretário de trabalho municipal de São Paulo.

Ele explica que as cidades mais industriais, como São José dos Campos e as que formam o chamado ABC paulista, vão sentir mais rapidamente o crescimento das dispensas. No entanto, depois, esse fenômeno deverá se refletir também em outros pontos do país.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego aberto de agosto, mês anterior aos atentados, nas seis principais regiões metropolitanas do país (Rio, São Paulo, Recife, Belo Horizonte, Salvador e Porto Alegre) ficou estável em 6,2%, repetindo o resultado de julho deste ano.

O economista Lauro Vieira de Faria prevê que a economia brasileira, que já estava desacelerada nos últimos meses, chegue ao fim do ano em clima de recessão. ''O ciclo de demissões era a má notícia que faltava para empurrar a economia ladeira abaixo'', conclui.

A previsão da maioria das consultorias econômicas é que, na melhor das hipóteses, o Produto Interno Bruto (PIB) - que é a soma de todos as riquezas do país - crescerá este ano em torno de 2%. O número com que o governo trabalha, de acordo com previsão do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), é ainda mais sombrio: crescimento de apenas 1,5%.

''Isso é muito pouco se levarmos em consideração que a população brasileira cresce em torno de 2% ao ano. É como se estivéssemos patinando'', explica Lauro Faria. Na avaliação do vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos Financeiros, Miguel Ribeiro de Oliveira, o ''arrastão'' do desaquecimento econômico promete atingir em cheio o Natal.

E qual será a solução para amortecer o impacto da crise? Há quem defenda redução dos juros básicos da economia, enquanto outros consideram aceitável a ajuda do governo para setores mais prejudicados.

''Não precisamos de benesses. Só de juros mais baixos'', defende o presidente da Associação Comercial de São José dos Campos, Paulo Saes. ''É aceitável que, dependendo do setor, o governo use parte de seu superávit para evitar uma recessão forte'', avalia o economista Márcio Pochmann. Impostos - Lauro Vieira de Faria adverte que a ajuda direta para empresas seria temerária porque poderia levar à uma fuga de capitais e a uma pressão maior do dólar. ''Esse é um xadrez muito complicado para mexer'', alerta.

Miguel Oliveira defende a redução dos juros e adverte que a ajuda para empresas poderá bater no bolso de todos os brasileiros. ''Como o governo não tem mais de onde tirar dinheiro, é possível que resolva aumentar impostos. Isso seria péssimo'', diz.

(Jornal do Brasil)

 
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