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Trabalho
19/11/2003
Emprego reage, mas salário cai

A indústria brasileira já dá sinais de que a recessão ficou para trás. Em setembro, o nível de emprego no setor cresceu pelo segundo mês consecutivo, com alta de 0,8% em relação a agosto. O número de horas pagas aos trabalhadores também aumentou 1,9%, nesta mesma base de comparação, interrompendo uma sequência de quatro meses de retração, revelou pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Mas a recuperação ainda não chegou ao bolso dos empregados. O rendimento médio real (descontado a inflação) caiu 0,6%, em relação a agosto. Em comparação a setembro de 2002, a perda de poder aquisitivo é ainda maior: 4,8%. Foi o 21º mês consecutivo de queda.

"Há uma defasagem temporal entre a retomada da atividade econômica e o emprego. Mas o aumento das horas pagas é um primeiro sinal positivo. O próximo passo será o aumento das contratações e, por último, dos salários", explica o economista da coordenação de indústria do IBGE, André Macedo.

O diretor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, Julio Sérgio Gomes de Almeida, atribui a recuperação tímida do setor aos juros.

"Isso é reflexo da política de ajuste monetária implementada pelo governo federal. Foi exagerada. Demoraram muito para baixar os juros. Agora estamos pagando a conta".

Macedo, do IBGE, lembra que, apesar de positivo o resultado de setembro não foi suficiente para reverter as perdas acumuladas desde 2002. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, o número de trabalhadores da indústria encolheu 1%.

Os setores que contribuíram para o resultado negativo foram os mais dependentes do mercado interno, como vestuário (-7,0%), minerais não metálicos (-7,6%), têxtil (-5,9%) e calçados e couro (-5,2%). Regionalmente, a maior queda ocorreu no Rio de Janeiro, que cortou 5,2% das vagas. Segundo o IBGE, a retração do emprego na indústria fluminense foi influenciada por vestuário (-15,1%) e produtos de metal (- 17,5%). Em São Paulo, a perda foi de 0,4%.

A indústria do Rio também registrou a maior retração da renda (16,2%). É a maior queda já registrada pelo IBGE, desde o início da série histórica, em janeiro de 2002. Esse número, entretanto, reflete um efeito estatístico da base de comparação, já que em setembro de 2002 a folha salarial da Petrobras foi inflada pelo pagamento de participação nos lucros. Como neste ano o pagamento não ocorreu no mesmo mês, os salários da indústria extrativa mineral caíram 31,9%.


"Em setembro do ano passado, uma grande empresa do setor de extração pagou bônus salarial aos funcionários. Isso pesou muito no resultado, já que 57% da atividade industrial se concentra neste ramo", lembra Macedo.


Janaina Vilella,
do Jornal do Brasil.

   
 
 
 

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