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Leia
repercussão da coluna: Brasil
de Deus
Senhor
Gilberto,
Acabei
de assistir ao filme, belíssimo, como eu esperava.
A Cidade de Deus é o que eu poderia chamar "a
minha favela", a mais próxima de onde moro.
Aqui, nos acostumamos a evitá-la, sempre dando
uma volta maior, principalmente motorista de táxi.
Parecia tranquila, pelo menos nosso comércio
ainda não foi fechado, o que por aqui já
virou moda em outros bairros.
É
interessante ouvir ali na tela os nomes de ruas do nosso
cotidiano. Cheguei a ler que só intelectuais
iriam ver o filme, pois as pessoas comuns que são
assaltadas odeiam o tema. Não sei se é
assim. O cinema estava bem cheio, não se tratando
de um filme americano, como "Tudo para Ficar com
Ele", na sala ao lado. Menos trágico.
Ver
nossa realidade assim retratada, a nossa, a que fica
do lado de fora do shopping, logo ali. Existe sim uma
imensa maioria que a gente chama de cidadãos
comuns, que acham que criança que assalta tem
que morrer, que só pensam em seu mundinho de
classe média, cada vez mais acuada e enjaulada,
ignorando as causas, jogando a responsabilidade na polícia
e no governo apenas.
A
cena mais triste é quando o traficante pega duas
crianças pequenas e atira nelas e manda um terceiro
escolher uma para matar. O que escapa da morte começa
a chorar exatamente como o meu filho chora, do tamanho
dele. Um bebê, para gente colocar na cama e cantar
para ele dormir.
Eu
penso que a tristeza é uma mistura de ver naquele
menino o nosso filho, mas também o temor de um
dia ver acontecer o mesmo com ele. Se não for
pelo primeiro motivo, que seja pelo segundo o evitar
dar tantas voltas.
Vilma
Lima Moreira
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