A discussão entre o ministro
da Educação, Tarso Genro, e os ex-titulares
da pasta Paulo Renato Souza e Cristovam Buarque, que tinha
como tema a reforma universitária proposta pelo MEC,
ficou dividida entre mercado e Estado e foi marcada por divergências
político-ideológicas. O encontro foi na noite
de quinta-feira em São Paulo.
Paulo Renato e Tarso puxavam o coro.
A platéia, também visivelmente dividida, seguia
com aplausos. "Ele acredita na regulamentação
estatal do ensino superior, eu, na sociedade. As instituições
que tiraram notas D ou E (no Provão) não tiveram
outra solução do que baixar seus preços,
eu confio nas pessoas para regular o sistema", disse
Paulo Renato.
Ele concorda com a crítica
de setores da educação superior que afirmam
que o anteprojeto de reforma fere a autonomia das universidades
ao instituir conselhos com participação da sociedade.
Para Tarso, "ficou clara a posição
do ex-ministro quando disse que as pessoas são vacinadas"
e que por isso o Estado não precisar regular o sistema.
"Mas achamos que o Estado tem que criar pontos de partida
iguais e trazer o jovem para a cidadania pelo sistema regulatório",
disse, arrancando aplausos do público estudante.
Tensão
Tarso ainda disse que Paulo Renato promoveu um crescimento
exagerado de cursos superiores, sem qualidade.
Ao se defender, Paulo Renato iniciou
o que seria o momento mais tenso do debate. Disse que Tarso
o estava acusando de "defender interesses escusos, porque
tinha compromisso com suas atividades profissionais".
O ex-ministro hoje é consultor de ensino superior e
atua principalmente na iniciativa privada. "Tenho uma
história na universidade pública", afirmou
Paulo Renato.
"Se disse isso, retiro formalmente
essa afirmação", rebateu Tarso, encerrando
o início de bate-boca.
Elogios
Cristovam elogiou várias vezes a gestão de Paulo
Renato. O ex-ministro acenava de forma afirmativa com a cabeça.
Os dois defenderam idéias semelhantes
como o investimento do capital estrangeiro nas universidades,
limitado pelo anteprojeto da reforma, e medidas modernizantes,
como a valorização da educação
a distância e a mudança nos currículos.
"Cristovam falou com seu brilho
costumeiro, mas não ousamos ainda desencadear alguns
temas muito difíceis", respondeu Tarso, tentando
puxar o petista para seu lado.
RENATA CAFARDO
da Agência Estado
|