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ensino
27/09/2004
Escola provisória de madeira já dura dez anos em SP

A rua Somos Todos Iguais, na periferia leste de São Paulo, desemboca numa escola bem diferente das outras. É a Escola Estadual Cohab Carrãozinho que, nem de alvenaria, nem de latinha, é feita em placas de madeira.

Se alguém perguntar na região sobre a escola, dificilmente conseguirá informações. Isso porque, entre os estudantes e os moradores, o local tem um apelido: Escola Barracão. Uma alusão ao material de que o edifício de dois andares é feito -o mesmo que coloca de pé poucos barracos da região.

A escola tem 11 salas, abriga 1.093 crianças do primeiro ciclo do ensino fundamental (de 1ª a 4ª séries) e foi construída em 1994, pelo então governador do Estado Luiz Antonio Fleury Filho (à época no PMDB, hoje no PTB), em caráter emergencial e provisório. A transitoriedade, no entanto, já dura dez anos.

Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual da Educação, em fevereiro de 2005 os estudantes da Barracão começarão o ano letivo em uma nova escola, feita em alvenaria e localizada a cerca de 1.200 metros dali.

A Barracão será então desativada, derrubada e, no local, será construída uma nova escola com novas vagas. De acordo com informações da secretaria, a escola de madeira só não foi desativada antes por falta de terreno.

Ainda segundo a assessoria, todas as escolas de madeira -número não consolidado pela secretaria por conta da intensa municipalização de escolas- e de latinha estão sendo substituídas pelo Governo do Estado à medida que a prefeitura faz a liberação de terrenos para as construções.

Barulho
Apesar de externamente bem conservada -com os compensados de madeira pintados de verde escuro-, a escola conhecida como Barracão goza de pouco prestígio entre seus estudantes.

"Não gosto de estudar aqui porque a escola é de madeira", reclama João (todos os nomes das crianças entrevistadas são fictícios), 8, estudante da 3ª série. "Gosto das aulas de português. Só que, quando a professora faz as leituras, a gente não consegue ouvir tudo nem consegue fazer as lições. O barulho lá dentro é muito grande", revela.

Segundo estudantes entrevistados pela reportagem, todas as divisórias internas da escola também são em madeira. O colega de João, Antônio, 8, da 2ª série, concorda: "É o maior barulhão lá dentro. Como moro em frente à escola, tem vezes que eu escuto da minha casa a professora dando bronca nos alunos."
Para Carla, 10, e Marina, 11, o pior de estudar numa escola de madeira é quando chove. "Parece que vai cair tudo na nossa cabeça", dizem elas.

Maria Socorro Lucena, 41, que matriculou o filho na Barracão há dois anos, também teme as tempestades. "Quando chove, fico com medo de algo acontecer. Quando venta muito, também fico com medo. Tenho a impressão de que a escola pode cair."


FERNANDA MENA
da Folha de S.Paulo

 
 
 

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