Como
fazer da bola uma arma contra a violência
Num programa
batizado de "Esporte à Meia-Noite", Brasília
colocou gangues de adolescentes para resolver suas rixas numa
quadra de esporte _ e está ensinando como reduzir a
violência.
Em vez de ficar sem nada para fazer nas ruas, 350 jovens participam,
todos os dias, de torneios noturnos; foram convidadas, especialmente,
gangues rivais.
Resultado preliminar: caiu em 20%, segundo dados da Secretaria
de Segurança do Distrito Federal, o registro de delitos
praticados por jovens de Planaltina, uma cidade-satélite.
O resultado é previsível: está provado
que o esporte ajuda a combater a violência. E, em particular,
se, junto com o esporte, são oferecidos serviços
de apoio psicológico, orientação educacional
e profissional.
Brasília inspirou-se nos Estados Unidos, onde, em várias
cidades, organizaram-se torneios de basquete de madrugada,
numa alternativa de lazer para as gangues.
Os registros policiais informam que parte dos crimes é
cometida pela mistura de drogas com falta de lazer. Mais lazer,
menos crime.
É uma das alternativas disponíveis para se lidar
com o maior dos medos dos habitantes das grandes cidades brasileiras.
Pesquisa DataFolha divulgada ontem mostra que a violência
é a principal preocupação dos habitantes
de São Paulo.
Para se ter uma idéia do tamanho desta preocupação,
basta ver que, na pesquisa, superou o tema do desemprego.
Fácil, claro, entender porque o tema está tão
incrustado nos programas dos candidatos _ todos eles praticamente
sem capacidade de influenciar as polícias, comandadas
pelo governador.
O pânico sugere aos candidatos medidas simplistas e
demagógicas, na promessa ilusória de resultados
imediatos. Na busca do voto, propaga-se a idéia de
que mais repressão significa rapidamente mais segurança.
O "Esporte à Meia-Noite" seguiu o roteiro
americano. Atraiu as gangues, faz acompanhamento escolar e
tenta colocar os jovens em empresas associadas ao programa.
A relação entre lazer e violência está
em teste também numa das regiões mais violentas
de São Paulo: Campo Limpo.
Lá, 80 escolas municipais reduziram a taxas insignificantes
as invasões, depredações e brigas. Isso
graças a um programa chamado "Valorização
da Vida Pela Educação".
O objetivo é fazer com que a comunidade entre na escola.
O que ocorreu por meio de esporte, atividades culturais e
oficinas de artesanato. Das 80 escolas, 15 permanecem abertas
nos finais de semana.
Já se sabe que violência não é
consequência natural da miséria. Grave, de fato,
é a percepção de marginalidade e exclusão.
O esporte simplesmente propicia a sensação de
que o jovem está integrado e, ainda por cima, queima
energia _ energia que, naquele horário, estaria empregada
na pancadaria.
A lição clara: integração social,
usando educação, é uma das maneiras,
disponíveis aos prefeitos, para reduzir a insegurança.
Leia
mais:
Reportagens:
Estudo
da Unesco revela que país é o terceiro mais perigoso para
juventude *
São
Paulo lidera ranking de morte violenta de jovens
OMS
pesquisa epidemia de crimes em SP*
Esporte diminui criminalidade em Brasília
Paulistano
espera que próximo prefeito reduza violência (pesquisa Datafolha)*
*Acesso
restrito para assinantes da UOL ou da Folha de S. Paulo.
Pesquisas:
Faça
download
do documento "Mapa da Violência", da UNESCO.
(O arquivo possui 9,62 Mb. e demora cerca de 20 minutos para
poder ser visualizado)
Escola
é fonte de insegurança
Sites:
Ministério
da Justiça
Sou da
Paz
Secretaria
de Estado dos Direitos Humanos
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